Megatubarão 2 abandona o charme de filme B e se arrisca como um Velozes e Furiosos aquático - Crítica do Chippu
Dissonância entre começo e final atrapalham, mas resultado final ainda é divertido
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Como a maior parte dos filmes de criaturas marinhas, Megatubarão tende a criar uma reação de repulsa: é quase natural zombá-lo ou vê-lo com desdém baseando-se apenas na sua premissa absurda. Mas o filme de 2018 alcançou um inesperado sucesso na bilheteria ao abraçar, em uma história na qual o extinto megalodonte retorna para assombrar os mares, o ridículo na medida correta.
Sendo assim, Megatubarão 2 chega aos cinemas cinco anos depois com a expectativa de repetir este sucesso do jeito que Hollywood adora: com mais do que deu certo no primeiro filme. O resultado é um cruzamento estranho de Jurassic World com Velozes e Furiosos que, em vez de prestar atenção no que faz esses filmes atraentes, prefere se focar, na maior parte do tempo, em espetáculo visual.
Situado alguns anos depois do primeiro longa, Megatubarão 2 volta a acompanhar o explorador marítimo Jonas Taylor (Jason Statham) e sua equipe de pesquisa, agora financiada pelo milionário chinês Jiumin (Wu Jing), também tutor da agora adolescente Meiying (Shuya Sophia Cai). No entanto, a descoberta de uma operação de mineração ilegal coloca o trabalho do grupo em risco ao permitir a ascensão de novas criaturas das profundezas.
A direção de Ben Wheatley acaba dividindo o filme em duas partes completamente distintas. Na primeira, em que Statham e cia. descem ao fundo do oceano, o longa se apoia em elementos de terror e suspense, à medida que o grupo precisa sobreviver nas profundezas e, depois, em uma base submarina. Apoiado em reviravoltas no roteiro, o filme cria uma atmosfera competente de tensão ao colocar diversas situações em que a vida de boa parte do grupo está em risco.
A mineração ilegal, obviamente, rompe a camada térmica do oceano que separa os tubarões gigantes da superfície, levando o terror para o litoral chinês. Aqui, Megatubarão 2 dá um cavalo de pau e se transforma naqueles filmes de ação na qual cada cena eleva exponencialmente o patamar do absurdo.
Afunda-se qualquer pretensão de coerência e o filme se abraça com o ridículo mais uma vez, mas de forma mais exagerada do que na aventura anterior, tentando se apoiar entre um equilíbrio frágil de grandiloquência dos blockbusters de ação e um humor distorcido típico de filme B, com direito a todo tipo de clichê que você possa imaginar.
Isso não significa que essa segunda metade não seja divertida, mas evidencia a dissonância completa entre o que vemos no começo, no que só pode ser mais um clássico caso em que os donos do dinheiro falaram mais alto.
Ao tentar se tornar uma espécie de Velozes e Furiosos aquático, Megatubarão 2 acaba deixando de lado o charme responsável por uma boa parcela do sucesso de seu antecessor. Mas, ainda assim, é uma boa opção para dar umas risadas de situações ridículas — é só desligar o cérebro e subir na garupa do jet ski de Statham.
2/5