Movimento pelo Snyder Cut foi impulsionada por bots e ameaças de morte, aponta investigação

Movimento pelo Snyder Cut foi impulsionada por bots e ameaças de morte, aponta investigação

Executivos da Warner e até diretores de outros filmes foram afetados por ataques de fãs

Guilherme Jacobs
19 de julho de 2022 - 7 min leitura
Notícias

Uma longa investigação feita pela Rolling Stone com base em relatórios feitos por empresas que analisam trafego em internet e conversas com fontes da Warner Bros. apontou que o movimento #ReleaseTheSnyderCut, campanha de fãs que resultou no lançamento do Liga da Justiça de Zack Snyder, foi impulsionado por bots e ameaças de mortes a executivos do estúdio, com ameaças direcionadas até mesmo a diretores de outros filmes.


A publicação obteve relatórios feitos por duas empresas que analisam a autenticidade de campanhas em redes sociais - Q5id e Graphika - e outros relatórios feitos a pedido da Warner Bros.. Eles sugerem que pelo menos 13% das contas envolvidas na campanha eram fakes, número acima da média (o Twitter estima, em relatórios públicos, que 5% dos tweets em trending topics são de contas falsas). Um outro documento, feito pelo Alethea Group, indicou que o forsnydercut.com, site que iniciou o movimento em maio de 2018, foi registrado pelo consultor de marketing Xavier Lannes, CEO de uma empresa chamada MyAdGency, agora fehcada. Na época, eles prometiam "trafego barato e instantâneo de usuários para seu site," usando "a tecnologia mais avançada" para crescer negócios rapidamente.


Em resposta ao artigo, Zack Snyder, o diretor no centro de tudo, disse que "se alguém" estava manipulando as redes sociais, era o estúdio "tentando usar minha base de fãs para garantir assinantes para seu novo serviço de streaming." Uma fonte rebate: "Zack era como Lex Luthor causando caos."


Entre as táticas de Snyder reveladas na investigação estão várias quebras de protocolo com o estúdio. Segundo fontes da reportagem, o diretor teria levado para casa, sem autorização, HDs com cenas e arquivos do filme de Liga da Justiça e se recusado a devolvê-los. O cineasta diz seu contrato permitia o acesso aos arquivos e que os materiais eram "de uso pessoal," mas não recebeu pedido para devolvê-los. De acordo com a matéria, a segurança da Warner Bros. foi avisada, mas nenhuma ação aconteceu. Snyder começou, assim, a fazer seu novo corte.


Ao longo dos meses, Snyder acusou a Warner Bros. de ser "agressivamente" contra sua visão. Ele também disse que o estúdio o "torturou" durante o desenvolvimento do novo corte.


Outra acusação diz que o diretor filmou novas cenas para o Snyder Cut sem a autorização da Warner Bros., ambas sem respeitar os protocolos de COVID ou regras de sindicatos durante o ano de 2020. O diretor diz que uma das cenas tinha, sim, a autorização do estúdio, e ambas respeitaram protocolos de saúde. A matéria sugere que entre essas cenas estava a adição do Caçador de Marte ao corte de Snyder, personagem que não estava no roteiro original. A Warner Bros. tentou impedir o uso do personagem, já que tem outros planos para ele, mas eventualmente cedeu. Snyder também teria excedido o orçamento em US$ 13 milhões.


Ameaças e ataques


Talvez os relatos mais perturbadores da matéria sejam o de ameaças de morte aos produtores Geoff Johns e Jon Berg, da Warner Bros. Em junho de 2020, Snyder teria perdido a paciência com seu pedido de que o estúdio removesse o nome de Johns e Berg e dado um ultimato: "Geoff e Jon estão demorando para tirar seus nomes de meu corte. Agora, eu vou destruí-los nas redes sociais." Segundo o diretor, ele e sua esposa - a produtora Deborah Snyder - "pediram ao estúdio" que os nomes fossem removidos depois que um "pedido pessoal" aos dois produtores foi ignorado. Eles explicam que fizeram o pedido porque "esse não era o filme que eles acreditaram, desenvolveram, ou nos ajudaram a fazer."


Logo depois, em meio às acusações de racismo pelo ator Ray Fisher - Ciborgue em Liga da Justiça - a Johns e Berg, uma conta no Instagram com o @daniras_ilust postou uma ilustração das cabeças decapitadas de Johns, Walter Hamada (presidente do DC Films) e Toby Emmerich (presidente da Warner Bros. Pictures). A imagem circulou entre os fãs do SnyderCut e alguns até marcaram os filhos dos produtores no post. Foi então que a Warner Bros. foi atrás das investigações.


Os relatórios identificaram presença de fakes em três redes sociais - Facebook, Twitter e Instagram - e um líder em cada rede, movimentando os fãs com muita influência. Ataques orquestrados a Ann Sarnoff - então presidente da Warner Bros - e a Geoff Johns foram identificados.


Até Adam Wingard, diretor de Godzilla vs. Kong - filme lançado logo depois do SnyderCut no HBO Max, onde rapidamente superou o novo Liga da Justiça - teria sofrido com ataques. Fãs de Zack Snyder fizeram o chamado "review bomb" com o longa dos monstros, dando notas negativas em sites como IMDb. Wingard teria pedido que Snyder tentasse acalmar seus fãs e Snyder, em resposta, teria negado. Falando à Rolling Stone, Snyder nega tal interação e diz "eu não controlo meus fãs. Eles têm seu próprio desejo e suas próprias opiniões." A Warner Bros. teria, então, convencido o IMDb a remover os reviews de trolls. O Esquadrão de Suicida de James Gunn sofreu ataques semelhantes e o próprio Gunn reagiu ao acontecimento no Twitter: "Eu vou viver - coisas assim não significam nada no grande esquema das coisas," ele disse, antes de apontar que isso representava uma minoria de fãs, afirmando que a maioria dos seguidores do SnyderCut tinham apoiado seu filme.


Snyder, em resposta a matéria, disse que está "grato tanto a comunidade de fãs quanto a Warner Bros por permitir que [seu corte] acontecesse. Se prender a negatividade e aos rumores não serve ninguém." Ele também destacou as várias caridades que receberam o apoio do fandom. Os apoiadores do #ReleaseTheSnyderCut arrecadaram dinheiro para fundações que ajudam a prevenir suicídio.

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