Noites Brutais é um dos melhores filmes de terror do ano - Crítica do Chippu

Noites Brutais é um dos melhores filmes de terror do ano - Crítica do Chippu

Noites Brutais (Barbarian), lançamento do Star+, é uma das melhores surpresas de 2022 para fãs do terror

Alexandre Almeida
25 de outubro de 2022 - 6 min leitura
Notícias

O ano de 2022 tem sido um exercício interessante para olharmos o gênero do terror. Começou com uma reinvenção da série Pânico e desde então tivemos bons exemplos que misturam bem os comentários sociais com o clima de tensão e sustos. Fresh foi uma grata surpresa, juntando canibalismo e masculinidade tóxica. O comportamento dos homens também foi tema de Men, dirigido por Alex Garland. O envelhecimento e a marginalização daqueles que já passaram uma vida por aqui e a busca por prazeres dividiram tempo de tela com muito sangue em X – A Marca da Morte. Já a juventude inconsequente e a geração Tik Tok são as vítimas da vez em Morte Morte Morte. Também tivemos a sociedade de espetáculo e o suspense/terror/sci-fi do excelente Não! Não Olhe!, de Jordan Peele.

E não para aí. Até o fim do ano, ainda temos o encerramento da nova trilogia Halloween, Sorria e O Menu.

Noites Brutais (Barbarian, no original) é mais um bom exemplo desse cinema de terror moderno: mistura elementos clássicos e combina vários formatos, como o terror urbano, de cabana, de serial killer, que antes eram feitos em produções separadas, para passar uma mensagem nada sutil sobre os verdadeiros horrores que vemos no nosso cotidiano.

Logo de cara acompanhamos Tess (Georgina Campbell), uma jovem que está em Detroit para uma entrevista de emprego e vai se hospedar em um Airbnb. Quando chega ao local, ela descobre que um homem (Bill Skarsgard) já está passando a noite lá. Ela entra na casa para que eles possam resolver o imbróglio e ele a convida para passar a noite. A partir daí, contar mais seria estragar o que Noites Brutais tem de melhor, que é a construção do clima dentro daquela casa.

Assim como Fresh e Men, Noites Brutais foca no grande medo que praticamente todas as mulheres sentem diariamente: os homens. A direção de Zach Cregger é precisa ao nos colocar por um bom tempo ao lado de Tess, conhecendo aquele ambiente e aquele estranho aos poucos, misturando a desconfiança dela com a curiosidade do espectador. Seja no improvável fato de os dois terem reservado a mesma casa, seja na forma atenciosa que ele a trata logo de cara, o roteiro é muito eficiente em criar um clima claustrofóbico, de ansiedade e de apreensão com a situação toda.

O diretor e roteirista surpreende ao fazer uma manobra à la Hitchcock em Psicose e jogar o espectador em outra direção, no ápice da tensão, colocando em cena AJ, interpretado por Justin Long. É uma sacada inteligente de Zach Cregger para gerar mais camadas sobre o comportamento masculino e acrescentar um humor que funciona mais como vergonha alheia e nervosismo do que graça propriamente dita.

Tudo isso funciona muito bem graças ao trio principal do filme. A Tess de Georgina Campbell é uma mulher moderna, que almeja sucesso e acaba factível ao que o mundo a expõe, não podendo se dar ao luxo de ser uma mocinha indefesa. Já o Keith de Skarsgard tem um ar misterioso dos suspenses dos anos 80, daquele homem aparentemente perfeito, mas que pode esconder algo pior. Já o AJ de Justin Long é uma figura fácil de encontramos pela internet, em noticiários de fofoca e, por que não, em julgamentos de celebridades transmitidos ao vivo hoje em dia.

Soma-se a isso ainda, uma cinematografia que fará qualquer fã de Resident Evil clamar pela equipe responsável em um futuro projeto da franquia de games. Sério! Assim como James Wan faz no primeiro Invocação do Mal, o trabalho de luz e sombra aqui mexe com os sentidos do público deixando em dúvida o que estamos vendo ou não na escuridão de certas cenas. Há sim uma barriga ali pelo meio, quando o diretor sente a necessidade de conectar presente e passado, mas nada que afete demais o andamento da história.

Noites Brutais é um dos filmes mais surpreendentes do ano. E uma das grandes surpresas é que, sem dúvida nenhuma, também é um dos mais divertidos. Tudo isso em pouco mais de 90 minutos, o que já é um mérito por si só hoje em dia.

É para rir, ficar tenso, se assustar, torcer por alguém ali e como todo bom filme de terror, pensar nos temas que ele abordar além do sangue e dos jump scares. E que bom que essa nova safra do gênero está explorando bem esse fator. Afinal, infelizmente, material é o que não falta por aí.

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