O cinema de ação é cheio de acidentes famosos em sets de filmagem. Dos mais simples, como socos entre atores que realmente acertam, até aqueles que paralisam as filmagens por semanas, como aconteceu com Tom Cruise em Missão: Impossível - Efeito Fallout, quando o ator quebrou o tornozelo ao pular de um prédio para o outro.

Alguns dos piores acidentes, sempre envolvem uma classe pouco reconhecida em prêmios e como um geral: os dublês. Foi o caso de Olivia Jackson, dublê de Milla Jovovich em Resident Evil 6, que sofreu diversas fraturas com uma moto e chegou a perder um braço. David Holmes, o dublê de Daniel Radcliffe em Harry Potter, ficou paraplégico e chegou a ganhar um documentário chamado David Holmes: O Menino que Sobreviveu.

Há casos ainda mais trágicos, como no filme de The Twilight Zone, chamado No Limite da Realidade, em que Vic Morrow e as crianças Renee Chen e Myca Dinh Le, foram atingidos por um helicóptero. Os três morreram. Mais recentemente, Halyna Hutchins, a diretora de fotografia de Rust, filme com Alec Baldwin, foi atingida por uma bala de verdade, enquanto preparava o melhor ângulo de uma cena.

Esse último caso liga diretamente com a tragédia nos bastidores de O Corvo, que tirou a vida de Brandon Lee, filho do astro dos filmes de artes marciais, Bruce Lee.

Quem foi Brandon Lee?

Brandon Bruce Lee, carregava no próprio nome seu legado: ser filho do grande nome - até hoje lembrado - do cinema de artes marciais: Bruce Lee, que morreu quando ele ainda tinha oito anos. Estudou artes marciais e atuou no cinema de Hong Kong. Já em Hollywood, atuou no buddy-copMassacre no Bairro Japonês, com Dolph Lundgren, e Rajada de Fogo. Seu filme seguinte foi também seu último: O Corvo.

Como Brandon Lee morreu no set de O Corvo?

Em 31 de março de 1993, Brandon Lee gravava uma das principais cenas de O Corvo, a morte de Eric Daven, antes de ele se tornar o personagem do título. Na cena, Daven e a noiva são mortos, um dia antes do casamento, por bandidos da violenta cidade onde o filme é passado.

Lee foi alvejado por um projétil real, colocado na arma em uma filmagem anterior. Na cena em questão, a arma foi carregada com cartuchos falsos, fabricados de forma inadequada, improvisados a partir de cartuchos reais, mas que deveriam ter a carga de pólvora removida. Esse tipo de montagem das armas é comum para cenas em que os revólveres são filmados em close-ups e precisam mostrar as balas para dar mais realismo. Entretanto, a equipe de efeitos especiais esqueceu de remover o primer - a parte responsável por dar a ignição - e o cartucho acabou disparando, separando a bala, que ficou presa no cano.

Quando chegou o momento da cena com Brandon Lee, os cartuchos falsos foram substituídos por cartuchos de festim, que continham pólvora e o primer, mas sem balas. Isso faz com que os efeitos do tiro sejam os mesmos do real, com som e flash do disparo, mas sem projétil. No entanto, a equipe não preparou bem a arma e o cano não foi limpo, deixando o projétil da cena anterior. O objeto acabou empurrado pela pólvora do festim, praticamente com a mesma força de um tiro verdadeiro e acertou Lee no abdômen.

De imediato, ninguém achou que algo havia acontecido e apenas quando o médico da equipe chegou, foi constatado o tiro. Lee foi levado ao hospital e mesmo depois de seis horas de cirurgia, não resistiu ao ferimento.

}Em agosto de 1993, a mãe de Brandon Lee, Linda Lee Cadwell, entrou com uma ação judicial contra os cineastas responsáveis por O Corvo, alegando que eles foram negligentes na morte do filho, mas dois meses depois o processo foi resolvido sem ter seus termos revelados.

Linda e a noiva do ator, Eliza Hutton - com quem se casaria um mês depois -, decidiram apoiar Alex Proyas a terminar as filmagens e Chad Stahelski, hoje famoso por dirigir a franquia John Wick, foi escalado como o dublê de Brandon Lee nas cenas que faltavam, tendo o rosto do ator inserido na pós-produção.

A fatídica cena foi substituída por outro flashback, em que Eric Draven recebia uma facada e não mais o tiro que matou o ator.

Brandon Lee foi sepultado ao lado do pai, no cemitério Lake View, em Seattle.