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O Livro de Boba Fett: Capítulo 1 - Crítica do Chippu
Primeiro episódio da série nos mostra um fascinante novo mundo em Star Wars
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Notícias
Este texto contém spoilers do primeiro capítulo de O Livro de Boba Fett, nova série de Star Wars no Disney+.
Uma das grandes belezas de Star Wars sempre foi como o seu brilhante design de personagens, passando por inúmeros artistas, maquiadores e figurinistas, sugeria um universo de histórias além de Luke, Leia e Han. Os alienígenas no fundo de cena, os guardas de Jabba o Hutt, o Povo da Areia. Todos têm o potencial de ter um episódio, filme, especial ou série próprio. Mas fale com qualquer fã e o maior desejo sempre será: algo de Boba Fett.
O caçador de recompensas inicialmente apresentado em O Império Contra-Ataca conquistou milhares de fãs graças ao seu visual descolado, armas criativas, jet pack e capacete icônico. Nem mesmo sua inesperada e meio patética morte no poço de Sarlacc em Tatooine foram capazes de diminuir o interesse no caçador de recompensas. Ano passado, The Mandalorian trouxe Fett de volta e, agora, a mesma equipe criativa daquela série finalmente realiza o desejo de muitos ao colocá-lo no centro das atenções com O Livro de Boba Fett. Isso, porém, traz um risco. O quanto do apreço por Fett vinha do seu mistério? O quanto é melhor não saber?
Continuando imediatamente de onde Mandalorian deixou Fett, novamente interpretado por Temuera Morrison, a série mostra o caçador assumindo o trono de senhor do crime de Tatooine ao lado da assassina Fennec Shand (Ming-na Wen), preenchendo o vácuo de poder antes dominado por Jabba (e, por um breve momento, por Bib Fortuna). Automaticamente, a premissa cumpre o potencial mencionado acima - agora veremos de perto a vida da comunidade criminosa de Tatooine, os antigos servos do temível Hutt e aqueles com quem ele negociava. Vemos, por exemplo, a lealdade dos dois guardas Gamorreanos, presentes na tela desde que entramos no Palácio de Jabba pela primeira vez.
Essa jornada ao submundo de Tatooine é a melhor parte do episódio inicial de O Livro de Boba Fett. Vemos cidadãos da cidade de Mos Espa pagando tributos ao seu novo senhor (ou no caso do prefeito, se recusando a pagar para testar a crueldade do novo Daimyo, como é chamada a posição de Fett). Igualmente interessante é o momento no qual o protagonista finalmente deixa a segurança de sua base para caminhar até o Santuário, uma versão cinco estrelas da cantina de Tatooine na qual há drinks, jogos e a imediatamente atraente e perigosa Madame Garsa Fwip (Jennifer Beals). Como muitas figuras desta estreia, ela é, teoricamente, subordinada de Fett. Na prática, porém, confiar nela parece um erro. A qualquer momento, um ataque pode vir. Basta esperar.
A espera não é longa. Logo após sair do Santuário, Fett e Shand são atacados por outros bandidos e salvos pelos dois Gamorreanos. A cena de ação não traz os grandes momentos de Fett lutando em The Mandalorian, mas mostram como a série pretende ser um pouco mais brutal do que o seu Star Wars de todo dia. Pescoços são cortados e inimigos viram pedacinho até o fim do momento. Morrison, um ator competente nas cenas mais quietas, mais uma vez mostra sua grande capacidade explosiva. Com gritos e fortes expressões, seu rosto parece um tanque de guerra furioso em direção à guerra durante a sequência de batalha, se diferenciando grandemente dos típicos protagonistas desta saga, seja os bonzinhos e charmosos como Luke, ou os quietos e profundos como Din Djanin. A ideia de vê-lo aprendendo a controlar esse temperamento e conhecendo o mundo do crime, um universo mais complexo do que o típico "vá lá e mate o alvo" com o qual ele está acostumado, se mostrará um desafio interessante para ambos personagem e ator.
Infelizmente, O Livro de Boba Fett não nos dá mais tempo dessa nova dinâmica no primeiro episódio. O Capítulo 1 abre e fecha com flashbacks para quando o personagem conseguiu sair do Poço (queimando o Sarlacc de dentro para fora), teve sua armadura roubada pelos Jawas após desmaiar por conta do dano e esforço da fuga, e foi eventualmente capturado pelo Povo da Areia. Depois de uma tentativa frustrada de escapar de seus novos captores, Fett eventualmente começa a ganhar a confiança da tribo após matar um monstro e salvar um jovem membro da mesma.
Essas cenas não são ruins, mas terminam como a pior parte do episódio por duas razões. A primeira, válida particularmente para a fuga do Poço do Sarlacc, é que às vezes é melhor não ver algo. Boba Fett é um personagem cheio de mythos, de mistério. Seu capacete sem expressões nos convida a teorizar, imaginar e debater como ele pode ter feito tal coisa, quais são suas aventuras, onde ele já esteve e quem já conheceu. O Livro de Boba Fett caminha na corda bamba de levantar o véu (ou, nesse caso, o capacete) sem poder mostrar demais. Apesar de bem-executada, a cena de Fett escapando do Sarlacc nunca faria jus ao imaginado.
Mas a segunda razão, aplicada especialmente para as longas sequências com o Povo da Areia, é mais danosa para o episódio. Ter uma perspectiva nova, presencial e próxima ao Povo da Areia é uma proposta, sem dúvidas, interessante. Exceto quando isso nos tira da principal atração narrativa da série como um todo - a ascensão (ou queda) de Boba Fett como novo senhor do crime em Tatooine, suas lutas políticas e físicas para manter o controle, e os desafios de substituir Jabba.
Piorando este fato é a certeza de que episódios futuros devem dividir seu tempo entre passado e presente assim como o Capítulo 1, quando ambas linhas do tempo recebem uma quantidade parecida de minutos. Na verdade, os flashbacks parecem durar até mais. Sua posição no roteiro - abertura e encerramento - tornam o miolo, quando todas as cenas de Fett em Mos Espa acontecem ainda menor, como um pedacinho de carne enfiada entre duas fatias de um pão desnecessariamente grande para o hambúrguer.
O Livro de Boba Fett é a culminação do desejo de conhecer as histórias dos misteriosos personagens de fundo de Star Wars, de entrar no mundo das figuras cujas cenas eram pouco mas memoráveis, usando alguém cuja presença em tela na trilogia original não durou mais do que alguns minutos. O desafio da série, então, será manter o personagem cativante quando o imaginado se tornar real. O Capítulo 1 revela o lado bom e ruim disso. Resta ver se o criador Jon Favreau e o diretor Robert Rodriguez encontrarão as histórias certas para mostrar, e as certas para não mostrar.
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