O Menu é divertido mas decepcionante - Crítica Chippu

O Menu é divertido mas decepcionante - Crítica Chippu

O filme desperdiça de elenco e trama com um desfecho mais ou menos

Isabella Russo
25 de novembro de 2022 - 5 min leitura
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O sucesso de Anya Taylor-Joy é evidente desde o lançamento de Gambito da Rainha na Netflix. A espera por suas próximas produções costuma deixar os fãs de seu trabalho ansiosos e com O Menu, novo suspense protagonizado pela atriz em conjunto com Ralph Fiennes e Nicholas Hoult, não foi diferente. O longa traz grandes nomes, impecáveis atuações mas um desenvolvimento fraco. A proposta da trama é diferente e até certo ponto empolgante, no entanto, sua conclusão não é lá essas coisas.

Margot (Anya Taylor-Joy) e Tyler (Nicholas Hoult) visitam um exclusivo e renomado restaurante em uma ilha deserta. Até aí tudo bem, mas o aclamado chef Julian Slowik (Ralph Fiennes) tem planos para que seu menu seja inesquecível e chocante. A sinopse pode não chamar muita atenção, e a curiosidade é, ao princípio, baseada nos nomes envolvidos no elenco.

Logo no início do filme, somos levados ao restaurante onde tudo parece milimetricamente calculado para ser perfeito. Os cozinheiros trabalham com um foco invejável e uma dedicação preocupante. Quando o grande chefe Slowik aparece, entendemos o motivo de tanta cautela, o homem não dá espaço para erros, nem seus e nem de seus funcionários, e frieza no olhar de Fiennes te causa até calafrio. O Menu é uma espécie de bomba relógio na qual você se aflige na cadeira enquanto não sabe quando ela irá explodir e causar estrago.

O ponto de vista do telespectador é o mesmo dos clientes do restaurante. Todos os olhos atentos e curiosos para saber o que viria a seguir. O personagem de Hoult é fascinado pelo trabalho do chef e parece ser o único que não tem muita sede de pressa para o próximo prato. O jovem Tyler demonstra estar preocupado demais em prestigiar e agradar Slowik, o que causa estranhamento inclusive em sua parceira, interpretada por Joy.

Fiennes, no entanto, é o grande astro em tela. Seu papel como um chef obcecado pela perfeição e conceitualidade chega a causar medo de início. Certamente, o ator sabe fazer um vilão como ninguém e devemos isso aos anos em que deu vida a Lord Voldemort, na saga Harry Potter. Para quem acompanha seus trabalhos desde o mago das trevas nos filmes infantojuvenis, O Menu pode não ser um marco em sua carreira, mas irei lembrar deste personagem com o mesmo arrepio na espinha que lembro de Voldemort.

O personagem de Fiennes foi o ponto alto do filme ao mesmo tempo em que foi o mais decepcionante. Por se tratar de alguém emblemático, o desenvolvimento de Slowik foi pouco aproveitado e pouco explorado. Nenhum personagem teve sua história realmente apresentada, mas a do chef foi uma grande perda, afinal ele era o ponto chave do filme, a razão para tudo estar acontecendo e não teve um motivo aparente além do superficial. Saímos da sala do cinema cheia de perguntas e com desejo de mais.

O Menu surpreende do começo ao fim, mesmo que nem sempre de um jeito bom. A maneira como a trama oscila seus sentimentos é divertida. O cardápio artístico preparado pelo chef variou entre revelações bombásticas e letais. Ver o longa sabendo o básico foi essencial nessa experiência. Porém, essa empolgação se dissolve após a metade do filme. Os eventos passam a ser mornos e nada é mais uma surpresa.

O embate final entre Margot e Slowik é até genial da parte da moça. Ela faz algo que nem o público e nem o chef esperam. Mas para um filme tão angustiante e divertido, o desfecho deixa muito a desejar. Foi como se eu estivesse o filme todo esperando pela briga entre Batman e Coringa e os dois decidissem seguir seus caminhos sem se confrontar de fato. Decepcionante.

Ressaltando o que havia dito, falta uma profundidade maior nos personagens. São ótimas personalidades com incrível potencial de trama perdido no vazio do final. As informações sobre suas vidas eram jogadas em meio aos diálogos e sempre com uma parte faltando. Os motivos e intenções são revelados, no entanto sem um desenvolvimento para eles. O roteiro de Seth Reiss e Will Tracy é divertido e diferente, mas poderia ser melhor.

3/5



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