O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder | Terceiro episódio da 2ª temporada sofre com superficialidade dos humanos - Crítica e Explicado
Leia nosso resumo e análise do terceiro episódio da segunda temporada da série de O Senhor dos Anéis
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Nesta temporada, O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder tomou a decisão de manter apenas três a quatro núcleos por episódio, muitas vezes cruzando alguns deles (como é o caso com Eregion e Khazad-Dûm desta vez), mas também mantendo grandes personagens nas laterais (nesta semana, por exemplo, não gastamos um minuto em Lindon). No geral, a estratégia parece estar funcionando e teve dois bons resultados com os capítulos passados.
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Mas isso depende de quais membros do vasto elenco de humanos, elfos e anões desta série recebe a oportunidade de ficar no holofote, e infelizmente, o terceiro episódio do novo ano de Anéis de Poder mostra como pode ser difícil aturar uma hora dos dramas mais vazios de toda a série. Neste caso, com exceção de uma rápida mas marcante passagem pelo acampamento de orcs liderados por Adar (Sam Hazeldine), onde somos apresentados a um troll enorme e também vemos o lado mais simpático de vilões tipicamente encarados apenas como vilões (orcs também tem filhos!), gastamos praticamente todo o capítulo em Númenor e em Pelargir.
E estes dois locais não estão populados pelos melhores exemplos de personagens interessantes. Em Númenor, onde há uma encenação de um drama de sucessão porque conspiradores como Pharazôn (Trystan Gravelle) não acreditam que Míriel (Cynthia Addai-Robinson) fará uma boa rainha, especialmente agora que ela está cega, e recebem a oportunidade perfeita para preparar um golpe graças a Eärien (Ema Horvath). Quando eles descobrem através da irmã de Isildur (Max Baldry), que culpa a rainha-regente pelo que acredita ser a morte do irmão, que ela e seu pai escondiam um Palantír e consultavam o futuro através de sua magia, algo banido em Número, o grupo decide revelar a descoberta na hora da coroação.
Dito e feito. Míriel admite usar o objeto, e quando a multidão se enfurece, uma Grande Águia chega no local. Nos é dito no episódio que isso é uma forma de confirmar o novo rei ou rainha, mas Pharazôn consegue enganar a multidão e fazê-la acreditar que o animal veio por causa dele. É uma cena que não funciona em dois níveis. Visualmente, o comportamento da Água de forma alguma apoia a interpretação do golpista, mas mais importante é o problema narrativo. O quanto nos importamos com Míriel, para lamentarmos sua derrota? A traição de Eärien, que vai contra seu pai Elendil (Lloyd Owen) poderia cortar nosso coração, se a personagem sequer fosse memorável. Semelhantemente, a conspiração se desenrola sem muita intriga, e consequentemente é difícil sentir o peso do feito.
Apesar disso tudo, as coisas são piores em Pelargir. Pelo menos em Númenor ainda há a sensação de acontecimentos significativos. Ali, no que deveria ser o núcleo para nos fazer ligar para os homens e mulheres comuns da Terra-Média, não há onde nos agarrarmos. Seja porque o ator não é um dos mais dinâmicos (é o caso de Baldry, o que é preocupante dado o futuro de Isildur), ou porque o texto do personagem pouco oferece em termos de personalidade (como com Arondir de Ismael Cruz Córdova), ou nos dois (toda cena com Theo de Tyroe Muhafidin compete para ser a pior da série).
Ali, mais traições são sugeridas (uma personagem é apresentada e revelada como vilã antes que possamos memorizar seu nome, que no caso é Estrid, vivida por Nia Towle) e laços são quebrados (Arondir deveria agradecer a Eru Ilúvatar quando Theo diz que não quer mais falar com ele — em teoria algo triste, mas na prática um alívio que, caro leitor, eu gostaria de ter). Mas assim como em Númenor, o roteiro pouco oferece em termos de temas para serem discutidos e desenvolvidos, e especialmente quando colocados ao lado dos outros núcleos, que no momento são mais essenciais para a história e mais bem executados, estes ficam ainda mais sofridos. A série se beneficiaria de não mantê-los juntos num só episódio.
Felizmente, o resto do capítulo nos leva de volta a Khazad-Dûm e a Eregion, que são conectados com um par de cenas nas quais, primeiro, Celebrimbor (Charles Edwards) e Sauron/Annatar (Charlie Vickers) oferecem aos anões a fabricação dos anéis e, depois, forjam os objetos diante de Durin (Owain Arthur) e Disa (Sophia Nomvete). Estas cenas não só nos dão mais um exemplo de como a série é afiada ao mostrar a manipulação do vilão (Vickers, preciso admitir, está crescendo como ator conforme fica mais maléfico) para com Celebrimbor, e em paralelo o fracasso dele em convencer Durin, ao menos emocionalmente.
Afinal de contas, os anéis são forjados. De volta a Khazad-Dûm, Durin vai até seu pai, Rei Durin (Peter Mullen) e finalmente tenta uma reconciliação com o pai. Tanto esse momento quanto uma conversa anterior com Disa reforçam o nível de charme nos atores responsáveis pelos anões, que fazem um texto outrora pouco impressionante ficar ainda melhor graças às suas vozes, rostos e trejeitos. Será fascinante ver a reação deles aos anéis de poder, especialmente quando contrastadas com os elfos. Para isso, aguardemos a próxima semana.