O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder apresenta Tom Bombadil em ótimo quarto episódio da 2ª temporada - Crítica e Explicado

O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder apresenta Tom Bombadil em ótimo quarto episódio da 2ª temporada - Crítica e Explicado

Leia nosso resumo e análise do quarto episódio da segunda temporada da série de O Senhor dos Anéis

Guilherme Jacobs
5 de setembro de 2024 - 9 min leitura
Notícias

Caso você tenha esquecido quão legal pode ser o mundo fantasioso de O Senhor dos Anéis que J.R.R. Tolkien criou, o quarto episódio da segunda temporada de Os Anéis de Poder está aqui como um lembrete recheado de ação, criaturas mágicas, músicas e diálogos poéticos que, juntos, sugerem um abraço cada vez mais forte da série com seu material. Essa adaptação nunca teve vergonha ou desgosto da mitologia da Terra-Média, longe disso, mas o andar deste episódios aponta para um entendimento maior dos ingredientes centrais dessa fantasia.

O melhor exemplo disso vem numa cena que, para minha surpresa, faz parte de um dos núcleos menos bem–sucedidos de toda a série até então: Isildur (Max Baldry), Arondir (Ismael Cruz Córdova) e Theo (Tyreo Muhafidin), logo antes dos dois primeiros encontrarem o último, que havia sido levado por criaturas gigantes no fim do episódio passado. Quando Isildur e Arondir descobrem que Estrid (Nia Towle) possui a marca de Adar (Sam Hazeldine), os dois corretamente supõem que ela pode ajudá-los a resgatar Theo, e partem numa busca pela floresta densa ao redor de Pelargir que não só nos dá o prazer de vê-los encontrando monstros como uma espécie de centopéia gigante que quase devora os heróis, como também oferecem os primeiros vislumbres de personalidade em Isildur, em particular quando ele ri ao ouvir Arondir chamar os restos daquela criatura de “jantar” depois de vencê-la.

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O personagem ainda está longe de ser um grande herói, ou mesmo uma fonte de interesse narrativo, mas ainda que seu quase-romance com Estrid seja um pouco forçado, vê-lo passar por uma gama de emoções compreensíveis e se soltar um pouco do formalismo de Númenor ajuda a fazer de Isildur mais humano. Arondir, por sua vez, segue bem unidimensional, mas é ele quem dá um passo pra frente no momento mais mágico da temporada até agora: a primeira aparição de Ents na série com a dupla Snaggleroot (Jim Broadbent) e Winterbloom (Olivia Williams). Foram eles que levaram Theo e outros seguidores de Adar, julgando-os capazes da mesma gama de destruição causada pelos orcs. Honestamente, é difícil discordar de seus julgamentos. Talvez reconhecendo isso em Estrid, os Ents atacam o trio, e só param devido à promessa de Arondir de cuidar daquelas matas.

Tanto pelo fantástico trabalho digital de criar os Ents e seus rostos de madeira quanto pelo ótimo diálogo (sem contar a atuação de voz da sempre fenomenal Olivia Williams como Winterbloom), que inclui uma linda reflexão sobre a natureza da paz neste mundo, a cena captura o tipo de harmonia mágica tão presente no texto de Tolkien. E assim chegamos ao fim de um trecho deste núcleo, com Arondir se separando de Theo depois que os dois fazem uma espécie de trégua (e pela qual pouco nos interessamos, já que nem mesmo em sua richa estávamos emocionalmente investidos), e seguindo para tentar achar Adar.

E falaremos de Adar aqui, mas agora eu preciso levar nossa conversa para os desertos de Rhûn, onde, agora perdidos um do outro, o Estranho (Daniel Weyman) e Nori e Poppy (Markella Kavanagh e Megan Richards) fazem encontros significativos, sendo o do Istar o que mais chamará a atenção dos fãs de Senhor dos Anéis neste episódio, já que este envolve a estreia live-action de Tom Bombadil, aqui interpretado por Rory Kinnear. Uma figura mística e misteriosa presente no primeiro livro da trilogia de Tolkien, ele foi cortado dos filmes de Peter Jackson e agora faz sua primeira aparição numa adaptação da saga, servindo como um guia para o Estranho entender sobre magia, e sobre seu propósito na Terra-Média: lutar contra ambos Sauron e o Mago Sombrio (Ciarán Hinds). Como nos livros, Bombadil não é alguém muito interessado em dar uma resposta direta (preciso confessar, acho sua parte a mais fraca de “A Sociedade do Anel”), o que pode deixar sua presença em tela um pouco frustrante, mas o charme pacato de Kinnear nos segura na cena até que progresso narrativo realmente acontece, e o Estranho dá um passo adiante em sua busca.

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Falando em buscas, os Pés-Peludos recebem um propósito para chamar de seu quando Nori e Poppy descobrem os Grados, outra raça que precede os Hobbits, que na mitologia vivia em pântanos, mas aqui ainda está nas regiões áridas da Terra-Média. Presas e prestes a serem expulsas da vila pela líder Gundabel (Tanya Moodie), as duas são salvas quando mencionam Sadoc Covas, seu falecido guia, e assim lembram Gundabel da história de Rorimas Covas, aparentemente um ascendente de Sadoc que um dia partiu daquele lugar em busca do Sûzat, um ambiente onde seu povo poderia viver em paz enquanto cavava buracos para morar dentro de colinas. Se a descrição já não entregou isso, vale dizer que Sûzat é Condado em Westron, idioma criado por Tolkien. Gundabel resolve não entregar Nori e Poppy para os seguidores do Mago Sombrio quando estes batem à sua porta, e assim temos a certeza de que, a longo prazo, essa história nos levará à descoberta da morada dos futuros Hobbits.

Com esses dois desenvolvimentos, Anéis de Poder confere caminhos próprios para Estranho e para os Pés-Peludos agora que eles estão separados, e ainda que uma união seja inevitável, parece claro que seus caminhos eventualmente permanecerão divididos, com o Istar lutando contra Sauron e as meninas levando os Grados até sua tribo e continuando a busca pelo Sûzat. Essas raízes são importantes, já que nem todos os personagens da série tinham arcos claros, como é o caso com Galadriel (Morfydd Clark) e Elrond (Robert Aramayo).

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Se o quarto episódio ajuda a melhorar vários núcleos narrativos de Os Anéis de Poder, ele também reforça a história dos elfos como a melhor e mais interessante, justamente por pautar seu drama no teste da amizade de Galadriel e Elrond, agora juntos liderando um esforço militar contra Sauron, e descobrindo a oposição de Adar contra ele. No processo, eles lutam contra as Criaturas Tumulares em outra grande sequência de efeitos especiais, e continuam divididos quanto ao custo de usar o Anel de Poder, com um diálogo em particular, à beira do lago, servindo como outro exemplo de quão bem a série consegue explorar a tentação deste poder, e o preço que personagens estão dispostos a pagar pela vitória.

Um desses preços, no caso de Galadriel, é de fazer prisioneira para salvar seus amigos, ou, na visão de Elrond, salvar o Anel, de cair nas mãos dos orcs de Adar. A luta contra as Criaturas Tumulares é legal, mas Galadriel enfrentando um esquadrão de orcs sozinha é a melhor cena de ação do episódio, e termina com ela sendo presa por Adar, assim dando início ao que deve ser uma aliança frágil do tipo “o inimigo do meu inimigo é meu amigo.” Juntos, Galadriel e Adar também abrem a porta para a série explorar mais a fundo os significados e hipocrisias do caminho dos elfos, mas preciso admitir que gostaria de ver mais dela com Elrond antes de separá-los. Seja como for, há bastante potencial neste par.

Talvez essa seja a principal conclusão que podemos tirar desse episódio. Depois dele, há potencial em muita coisa dessa temporada, até em Isildur. Agora, veremos o que Os Anéis de Poder faz com tudo isso.

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