O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder dá susto em fãs em sétimo episódio da 2ª temporada - Crítica e Resumo

O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder dá susto em fãs em sétimo episódio da 2ª temporada - Crítica e Resumo

Leia nosso resumo e análise do sétimo episódio da segunda temporada da série de O Senhor dos Anéis

Guilherme Jacobs
26 de setembro de 2024 - 9 min leitura
Notícias

Todo fã de O Senhor dos Anéis tomou um susto. Não há nada no cânone para indicar um romance entre Elrond (Robert Aramayo) e Galadriel (Morfydd Clark), pelo contrário. Além disso, como ferramenta na história deles, até então o amargo conto de uma amizade testada pelas sombras, levantar isso agora, na reta final de uma temporada que eles passam praticamente separados, seria uma decisão bizarra, clichê e desnecessária de progresso narrativo.

Bom, desnecessário, o momento – um jogo de fumaças feito por Elrond para entregar à sua amiga uma chave para desarmar suas algemas e fugir de Adar (Sam Hazeldine) – ainda é, especialmente porque as escolhas da direção de Charlotte Brändström, intensificando a trilha sonora e jogando uma luz angelical sob os dois, parece conferir ao beijo uma importância maior do que ele realmente tem. No lugar de um insert de Elrond entregando o objeto furtivamente, ou de um sussurro revelando a verdadeira intenção do elfo, temos quase um melodrama novelesco.

Começo minha crítica por aí porque sei que muitos, especialmente os mais puristas, não se importarão com as razões de Elrond e apenas usarão este beijo como o mais novo exemplo dos erros de Os Anéis de Poder como adaptação de J.R.R. Tolkien. Conquanto não concorde que isso “estrague” a série de forma alguma, admito que parece mais uma jogada para gerar debate online do que qualquer outra coisa. Uma distração do que, no geral, é uma fantástica hora e pouco de televisão.o-senhor-dos-aneis-os-aneis-depoder-eregion-batalha-elrond

Centrada quase unicamente nos elfos, no cerco a Eregion e com alguns cortes para a tensa situação em Khazad-Dûm, a penúltima parte desta temporada colhe os bons frutos plantados ao longo da mesma. Em especial, todo o tempo investido em Celebrimbor, que é novamente trazido à vida com emoção palpável pelo ótimo Charles Edwards, dá resultado quando este finalmente percebe as armadilhas e ilusões de Annatar, e enfim o identifica como Sauron (Charlie Vickers). A dor na cara do ferreiro é de partir o coração, um misto de culpa, vergonha e desespero que só é potencializado pelo cenário de destruição batendo à porta de sua cidade conforme as forças de Adar tentam derrubar os grossos muros que a protegem.

Vickers, de quem sempre fui crítico, também dá um show, revelando só o suficiente do que parecem ser sentimentos íntimos ao narrar para Celebrimbor – que continua a forjar o Nove Anéis não mais por engano, mas como refém, já que Sauron diz que sem isso, ele libertará qualquer proteção da cidade – sobre seus sofrimentos nas mãos de Morgoth, e uma pontiaguda luz cruza seus olhos quando sua vítima protesta afirmando que o Enganador é tão eficaz que parece ter enganado a si mesmo. Sauron, Celebrimbor deixa implícito, não liga para a paz ou ordem. Ele só perpetua o mesmo ciclo de rebeldia, violência e ganância iniciado por seu mestre. Ele está correto, e as frustrações do inimigo não conseguem mais ser escondidas.

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O papel de Celebrimbor poderia tranquilamente ter sido um dos mais ingratos de toda a série. Quem gostaria de passar sete horas de televisão interpretando alguém que é constantemente iludido? Edwards, porém, mantém uma dose inesquecível de humanidade (se me permitem a palavra) no personagem; de sua ambição à glória ao seu desejo pela harmonia, de uma genialidade perigosa a um coração genuíno, seu Celebrimbor jamais caiu nos perigos apresentados pelo texto, e fez a ousada decisão de J.D. Payne e Patrick McKay de encenar todo o período que Sauron passou entre os elfos, algo que talvez fosse melhor imaginado e não visto, parecer não só acertada, como indispensável. Combinado com seu discurso para Galadriel sobre a diferença entre luz e força na hora de combater a escuridão, e sua pequena vitória de entregar os anéis para a elfa, assim contrariando Sauron, sua despedida é das mais honrosas e belas possíveis.

É claro que não vemos Celebrimbor morrer (suas chances no 1v1 contra Sauron são nulas, mas…). Seu arco, contudo, chega essencialmente ao fim durante a intensa batalha entre Eregion e as forças de Adar. Esta é mais um exemplo de como a série consegue recriar grandiosos cenários dos contos de Tolkien, mas a decisão de centrar toda a ação num ponto da muralha, combinada com a incapacidade de Brändström em pintar um quadro amplo do confronto, deixam a guerra parecendo menor do que é. Há uma razão pela qual Adar está atacando ali – Celebrimbor diz que aquele é o ponto mais fino do paredão – mas em tela, ainda que confrontos específicos no chão sejam bem trabalhados, falta a sensação de uma orquestra de espadas e lanças se cruzando.

Novamente, há instâncias específicas legais, especialmente quando o exército de Elrond e Gil-galad (Benjamin Walker) chegam em Eregion, e aqui e ali a série consegue gerar algo impactante. Há uma tentativa com o sacrifício de Rían (Selina Lo), mas é difícil se importar com quem nunca vimos antes. O melhor exemplo é quando chega o troll, e pará-lo se torna um desafio assustador. Ainda assim, os elfos conseguem, e experimentam um segundo triunfante antes de Adar marchar com quase todos os orcs recentes para finalizar os heróis.

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O “quase” ali é importante. As sementes de dúvidas dos uruks quanto ao seu mestre vêm sendo plantadas desde o primeiro episódio, e por mais que esse não seja o maior feito dramático de Os Anéis de Poder, coisas como ver um orc se recusando a seguir Adar são importantes que, eventualmente, ao se entregar a Sauron, a decisão dessas criaturas não seja apenas um capricho do roteiro, e sim algo fundamentado na sua experiência com Adar. Aqui, o elfo sombrio está cego, determinado a entrar em Eregion e eliminar seu adversário a qualquer custo.

Ao fim do episódio, seu plano parece ter dado certo, já que ele obtém o anel Nenya (Elrond se acha inteligente por não levar o anel para a mesa de negociação com Adar no começo do episódio, mas considera uma boa ideia usá-lo no pescoço durante a batalha?) depois de derrubar Arondir (Ismael Cruz Córdova) e o próprio Elrond, pouco depois de seus uruks abrirem um buraco na parede de Eregion. A situação parece sem saída que não seja um furo no roteiro, como a inexplicável decisão de Adar de não matar ambos elfos.

E isso acontece porque Durin IV (Owain Arthur), que consegue convencer quase todo o povo de Khazad-Dûm a se virar contra o seu pai (Peter Mullen) e a influência do anel, precisa tomar a amarga decisão de recolher o exército de anões que Elrond pediu, e mantê-los na montanha. Nós sabemos o por quê, até mais que os próprios anões, já que vimos o Balrog antes deles, mas é difícil dizer o que é pior: o rosto de Durin sabendo que decepcionará seu amigo, ou o rosto de Elrond achando que seu amigo o abandonou. A amizade entre os dois foi o grande sucesso da primeira temporada de Os Anéis de Poder, e vê-los reunidos, ainda que por alguns minutos, foi um dos prazeres deste episódio.

Agora, nos resta torcer para que eles se reencontrem, e que a última impressão de um para com o outro não seja a de um laço partido.

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