O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder encerra segunda temporada com último episódio de altos e baixos - Crítica e Resumo

O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder encerra segunda temporada com último episódio de altos e baixos - Crítica e Resumo

Leia nosso resumo e análise do último episódio da segunda temporada da série de O Senhor dos Anéis

Guilherme Jacobs
3 de outubro de 2024 - 11 min leitura
Notícias

Eles finalmente disseram. Gandalf. Estava bem claro que o Estranho (Daniel Weyman) era o mago favorito dos fãs de O Senhor dos Anéis desde o final da primeira temporada de Os Anéis de Poder, quando ele diz uma das frases mais famosas do personagem na trilogia de J.R.R. Tolkien, e essa certeza só cresceu ao longo dos últimos episódios com mais e mais referências, quer vindo dele mesmo, ou de Tom Bombadil (Rory Kinnear).

Mas agora sabemos, enfim. Quer o Estranho já assuma o nome Gandalf de uma vez por todas ou quer use o nome original do mago, Olórin, antes (ele diz eles o chamarão de Gandalf, ênfase no futuro), sua identidade está confirmada, e essa é a jogada mais arriscada da série até aqui. Sim, personagens como Elrond (Robert Aramayo) e Galadriel (Morfydd Clark) aparecem na trilogia principal e foram vistos no cinema, mas Gandalf está na primeira prateleira de heróis de O Senhor dos Anéis, e caminhar falando abertamente sobre ele significa que Os Anéis de Poder precisa fazer merecer sua inclusão.

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E eu ouso dizer, caro leitor, que com base nessa segunda temporada, a série mereceu. Colocar Gandalf em tela só é válido porque a história construída nestes últimos oito episódios, apesar de alguns tropeços, foi digna da franquia. Anéis de Poder não é tão bom quanto os filmes originais (mas coloco esta série acima de O Hobbit com tranquilidade) e alguns fãs sempre rejeitarão a série com base em suas justificativas teimosas, mas este segundo ano chega à conclusão tendo elevado quase todos os núcleos de sua narrativa, encontrado ganchos emocionais em diversos personagens e superado desafios significativos, como o de encenar o forjar dos anéis e a manipulação de Sauron (Charlie Vickers) sobre Celebrimbor (Charles Edwards).

E esta conclusão vem num episódio que é… competente, mas irregular. Assistindo ao final da segunda temporada, fica bem claro que o ápice do enredo veio nos três capítulos anteriores, e aqui temos um epílogo que inclui uma ou outra cena de luta e morte para dar à hora um senso de finalidade. A primeira vem logo antes dos créditos com nossa ida a Khazad-Dûm, onde o Príncipe Durin (Owain Arthur) parte para as profundezas da montanha para confrontar seu pai, enquanto o Rei (Peter Mullen) enfim abre o buraco para os rios de mithril presentes ali, e enfim vemos o temível Balrog que lá reside subindo para punir os anões por sua ganância. Ao menos, é isso que, em teoria, acontece.

Sim, a morte do Rei Durin nas mãos deste anjo caído é encenada com grandiosidade, e a construção do monstro é um grande feito de efeitos visuais, mas é difícil, depois de duas temporadas esperando para vê-lo em ação, não sentir que esse preparo foi um caso de “muito barulho por (quase) nada.” São bons cinco minutos, mas a sensação de que Khazad-Dûm estava caminhando para um final trágico, e nosso envolvimento no desespero cada vez maior no rosto do Príncipe Durin, sugeria algo que duraria mais do que cinco minutos. A execução desse encontro também deixa algumas decisões do roteiro estranhas.

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Durin mantém o exército em Khazad-Dûm para que a montanha seja protegida do Balrog. Então, depois que Rei Durin morre, o exército é enviado para o resgate dos elfos, chegando na Hora H para repelir os orcs em Eregion e salvar Gil-galad (Benjamin Walker), Arondir (Ismael Cruz Córdova) e Elrond, que de maneira inexplicável continuam vivos. Eventualmente, voltamos a Khazad-Dûm, e o Balrog parece ter se satisfeito com a morte do regente anão, já que todos estão ali conversando sem muita urgência sobre a disputa pelo trono que se configurou com a menção do irmão de Durin. Além disso, o tempo em que tudo acontece, com a ida e volta do exército de anões, e como ficam os elfos, é muito confuso.

Tenho certeza que há explicações, mas não muda o fato de que a ordem das cenas e a execução do confronto contra o Balrog deixa não só o passar do tempo, e a lógica das decisões dos anões, uma bagunça. Não estraga o episódio, e tampouco a temporada, mas um encerramento mais impactante para estes arcos, especialmente Khazad-Dûm, era esperado.

Onde o capítulo aposta as fichas é na vitória de Sauron, que tem um último diálogo com Celebrimbor, no qual o Enganador se comporta como alguém que realmente acredita em sua mensagem de paz para a Terra-Média e, talvez, alguém que tinha apreço genuíno pelo lendário ferreiro dos elfos. Dado o ótimo momento entre os dois na semana passada, fica um pouco o gostinho de “precisava?” com a cena, mas Celebrimbor é enfim morto pelo vilão, que então vira os uruks contra Adar (Sam Hazeldine).

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E falando no elfo sombrio, usar o anel parece curar suas feridas acinzentadas e restaurar não só seu visual como um pouco de sua misericórdia. Essa súbita consciência de Adar é desenvolvida inteiramente fora de tela, e por isso sua trégua com Galadriel parece mais um capricho do roteiro do que algo plantado no texto, tirando um pouco da força de sua morte nas mãos daqueles que ele chamava de filhos, agora seguidores de Sauron. A traição dos uruks, porém, tem força graças ao cuidado da série de dar o mínimo de atenção para estes orcs. Como falei na última crítica, eles não são nenhuma obra-prima dramática, mas o fato de entendermos sua decisão contra Adar por si só é um mérito importante.

Então, temos a luta entre Sauron e Galadriel, que novamente mostra as limitações da diretora Charlotte Brändström em filmar ação. Talvez haja desculpas para a quantidade de pausas na batalha entre os dois, quando os personagens trocam olhares e palavras, e Sauron certamente está segurando seu poder de simplesmente matá-la, mas isso não muda o fato de que o embate é mal encenado, não constrói energia no caminho para o desfecho e termina de forma estranha, quando Sauron, tendo ferido gravemente a elfa com sua coroa, pega os Nove Anéis dos homens mas espera que Galadriel entregue seu anel, Nenya, em suas mãos. A justificativa é que Sauron ainda espera que Galadriel se torne sua aliada, mas esse quase-romance entre os dois nunca foi bem desenvolvido na série, e assim, o reencontro dos dois deixa a desejar.

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É diferente, por exemplo, da decisão de Elrond de se render ao anel para junto com Gil-galad curar Galadriel dos ataques de Sauron quando eles encontram sua amiga à beira da morte, e com a própria alma em jogo. A resistência de Elrond aos anéis foi um dos pontos fortes da temporada, e vê-lo abrir mão disso para salvar a vida de Galadriel vem com o peso de sabermos o que ele pensa do uso destes poderes. Agora reunidos, os elfos precisam montar sua resistência contra Sauron, que parte para conquistar a Terra-Média.

Apesar da última cena triunfante entre os elfos, o episódio tem um clima de derrota. Além das mortes do Rei Durin e Celebrimbor, Elendil (Lloyd Owen) precisa fugir de vez de Númenor depois que Ar-Pharazôn (Trystan Gravelle) fica sem paciência e executa de vez o golpe contra Míriel (Cynthia Addai-Robinson), inventando uma desculpa para o julgamento de inocente que a rainha havia recebido nos mares e enviando seu filho para liderar forças no continente. Seus soldados eventualmente encontram e levam Isildur (Max Baldry) de volta à cidade, separando-o de Theo (Tyroe Muhafidin) e Estrid (Nia Towle), depois que esta havia praticamente confessado seu amor pelo filho de Elendil.


Pouco interessantes durante toda a temporada, os homens são pouco mais do que coadjuvantes dispensáveis neste episódio, que não disputa o trono de melhor da série, mas que tem seus méritos e funciona em grande parte por conta de tudo que veio antes. Como um todo, a segunda temporada de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder é um salto considerável de qualidade, e agora a série enfrenta novas pressões, nenhuma maior do que a de fazer jus a Gandalf, que segue em Rhûn, se despedindo de Nori (Markella Kavanagh) quando esta parte com os Grados numa nova migração (sem dúvida o primeiro passo na direção do Condado) e se preparando para reencontrar o Mago Sombrio (Ciaran Hinds) na luta pelo futuro da Terra-Média. Saindo desta temporada, acredito que há razões para manter as esperanças.

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