O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder: O Olho - Crítica do Chippu
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O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder: O Olho - Crítica do Chippu

"O Olho," penúltimo episódio da temporada de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder mostra as consequências de tocar a escuridão com o surgimento de Mordor

Guilherme Jacobs
7 de outubro de 2022 - 9 min leitura
Notícias

O Olho” é o penúltimo episódio da primeira temporada O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder, mas é difícil não sentir uma atmosfera de epílogo depois dos acontecimentos grandiosos no final do capítulo passado, “Ûdun” e a pegada mais reflexiva desta semana. A natureza da hora desta semana pode levantar dúvidas em relação ao finale a seguir. Afinal de contas, Mordor acabou de surgir. O que pode ser maior?

Talvez um Balrog?

Antes de chegarmos na criatura das trevas, há muito para se falar. “O Olho” começa logo depois da erupção apocalíptica da Montanha da Perdição, responsável por destruir toda a Terra do Sul, e em meio às confusões, Galadriel (Morfydd Clark) e Theo (Tyroe Muhafidin) acabam se encontrando enquanto tentam alcançar o acampamento de Númenor e desviar dos orques. O par não é acidental. Estes talvez sejam os dois personagens nos quais os temas da série podem ser observados com maior clareza. Ambos foram, e ainda são, tentados pela escuridão. Quando Theo elogia a contagem de inimigos mortos pela elfa, Galadriel precisa encarar sua própria obsessão com destruir a escuridão e os perigos da filosofia de seu irmão, e o faz deixando claro para o garoto como nunca se deve descrever um ato brutal, como matar, como algo bom. Clark é essencial para o momento. Sem ela, a fala de Galadriel poderia parecer hipócrita, especialmente diante de seu discurso para Adar (Joseph Mawle) na semana passada. Aquela conversa agora se mostra reveladora, e o a atuação de Clark no rosto da elfa, particularmente enquanto ela observa o terreno destruído, preenche os buracos de crescimento deixados pelos roteiros.

Como ela mesma fala, há uma guerra interior acontecendo. Em personagens como ela e o próprio Theo, cuja jornada para longe das sombras é representada, visualmente, pelas espadas em sua mão. Neste capítulo, ele termina empunhando a espada de Galadriel, efetivamente deixando para trás a chave de Sauron e a corrupção representada pela lâmina. Como a maior parte dos personagens jovens de Anéis de Poder, Theo nem sempre foi o melhor desenvolvido dos membros do elenco, e às vezes recebeu uma importância não justificada pelo roteiro ou atuação, mas sua caminhada com a elfa é boa o suficiente para nos fazer dar crédito ao abraço dado pelo menino a Arondir (Ismael Cruz Cordova), sua reunião com a mãe Bronwyn (Nazanin Boniadi) e o climático grito de guerra.

Faltam momentos assim para Isildur (Maxim Baldry). Sua reação à morte do amigo Ontamo (Anthony Crum) poderia oferecer algo do tipo, mas a série, numa de suas decisões mais bizarras, decide enterrá-lo debaixo de escombros e deixar alguns personagens, junto com a audiência, considerá-lo como morto. Talvez o truque funcione em espectadores mais casuais, mas fãs de Senhor dos Anéis familiares com seu papel no futuro não terão um segundo de dúvida ou ansiedade quanto à sua sobrevivência. Lloyd Owen é fantástico nas cenas nas quais Elendill reage à suposta morte do filho, e é a única razão pela qual a série consegue escapar com sua repentina ira dirigida a Galadriel. Owen transmite uma sensação de culpa ausente em suas falas. O verdadeiro drama entre os personagens de Númenor está na trágica cegueira da Rainha-Regente Míriel, interpretada com um misto poderoso de determinação e dor por Cynthia Addai-Robinson. Sua transformação em aliada dos elfos foi uma das mais bem trabalhadas mudanças do seriado, e sua declaração, prometendo retornar à Terra-Média para continuar a guerra contra os orques, estão entre as palavras mais arrepiantes dessa história.

A perda de visão é o segundo momento mais triste de “O Olho”, ficando apenas atrás do ataque contra a caravana dos Pés-Peludos. Nori (Markella Kavanagh) e companhia chegam a um dos seus destinos na migração, e descobrem o lugar devastado pela erupção no sul. Acreditando nos poderes do Estranho (Daniel Weyman), estes pequenos seres pedem por sua ajuda para curar as árvores secas e garantir alimento. A expectativa é, a princípio, frustrada. Os vislumbres de vida na planta terminam com sua queda, o equivalente a uma avalanche para os pequeninos, e quase custa a vida de Nori, deixando o Estranho, pela segunda vez, se sentindo culpado por ter posto sua querida amiga em perigo.
Com o conselho de Sadoc Covas (Lenny Henry), ele deixa os Pés-Peludos e segue sozinho em busca das estrelas. De cara, ficamos tristes por sua separação, mas há algo pior.

Nori acorda no dia seguinte e se depara com a natureza restaurada, fruto dos poderes do gigante misterioso, mas ele agora partiu, e está sendo perseguido pelas Místicas vividas por Bridie Sisson como A Habitante, Edith Poor como a Nômade, e Kali Kopae é A Ascética. Por enquanto mudas, mas não menos intimidadoras, as três punem a tentativa de Nori de enganá-las, e a subsequente resistência montada por seus companheiros de viagem, tudo dos Pés-Peludos e continuando sua busca pelo Estranho. Cabe a Largo (Dylan Smith) animar sua filha e o resto de seu povo com um discurso que os inspira a enviar um grupo, liderado por Nori e Sadoc, em busca do gigante. Ele já os ajudou, e agora, em meio à tristeza, é hora de retribuir o favor.

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Tal solidariedade é justamente o que falta na relação dos anões com os elfos. Se há algumas semanas vimos as falhas de caráter de Gil-galad (Benjamin Walker), agora foi a vez do Rei Durin III (o sempre imponente Peter Mullan) revelar seus defeitos e negar o pedido de Elrond (Robert Aramayo) de compartilhar o mithril com os elfos e salvá-los da escuridão crescente. A decisão frustra seu filho, Durin IV (Owain Arthur), cujo discurso apaixonado sobre seu carinho por Elrond não é suficiente para mover o pai. A dureza só pode ser explicada como orgulho.

Elrond decide deixar Khazad-dûm, mas depois de testemunhar o mithril eliminando a corrupção da folha de Lindon, o anão, empurrado por Disa (Sophia Nomvete) sai correndo atrás do elfo, e é difícil não celebrar. A amizade entre Elrond e Durin-filho continua um dos, se não o melhor relacionamento de toda a série. Juntos, eles descobrem que a reserva do mineral na montanha é maior do que se poderia imaginar. Suficiente para compartilhar com os elfos caso o monarca aceitasse a generosa proposta feita por Elrond.

Ele, claro, não o faz. Elrond é expulso, Durin IV perde seu status de príncipe, e a mina de mithril é fechada. Esta última decisão talvez seja boa, porque nas suas últimas cenas, “O Olho” revela um gigantesco e perigoso Balrog nas profundezas de Khazad-dûm. Não é a primeira vez que vemos uma destas criaturas neste lugar, como leitores (e espectadores) de A Sociedade do Anel bem sabem, e o destino do local não é positivo. O monstro pode se mostrar uma ameaça digna da conclusão dessa temporada.

Digo isso porque, no arco principal, é difícil entender qual será o drama do último episódio. Voltamos para as Terras do Sul a tempo de ver Númenor voltando, Galadriel e Halbrand (Charlie Vickers) partindo para Lindon em busca de ajuda, e Adar declarando o começo de um novo lugar. Enquanto vemos o vulcão ainda aceso, o texto na tela revela o que já estava claro. Aquela região, agora, é Mordor.

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