A maior surpresa da nova temporada de O Urso não está em um prato, uma crítica gastronômica ou alguma das muitas brigas que acontecem na cozinha do The Bear. O grande impacto desse novo ano está logo no primeiro episódio, quando, ao contrário do que esperamos da série, encontramos uma história calma, contemplativa, mas não menos impactante do que as gritarias e o caos das temporadas anteriores.

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Em “Tomorrow”, ou “Amanhã”, acompanhamos Carmy (Jeremy Allen White) no dia seguinte ao estressante final da segunda temporada. Se do lado dos clientes tudo parecia ótimo, apetitoso e refinado, dentro da cozinha tudo estava prestes a explodir. Sydney (Ayo Edibiri) não conseguiu conduzir o serviço e teve que ser ajudada por Richie (Ebon Moss-Bachrach), enquanto Carmy ficou preso no walk-in freezer, que ele mesmo esqueceu de chamar o conserto. O pânico e a ansiedade mais uma vez tomaram conta do chef, que brigou com Richie e acabou dizendo que não precisava da distração do relacionamento com Claire (Molly Gordon). Ela, claro, ouviu tudo e abandonou Carmy, que logo depois descobriu uma chamada de voz da moça, dizendo que o amava.

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O chef volta ao restaurante no dia seguinte e começa a arrumar tudo que foi deixado fora do lugar. Conforme vemos ele trabalhando, imagens de outros momentos de seu passado começam a surgir, criando um emaranhado de lembranças, aprendizados e dores que moldaram Carmy até ali. A trilha sonora marcante, acompanha os fatos e poucos são os diálogos.

Podemos dividir a linha do tempo do episódio em seis grandes momentos:

Carmy no French Laundry

O primeiro trabalho de Carmy como um profissional da gastronomia é no renomado The French Laundry, operado pelo icônico chef Thomas Keller. Ele ainda está começando, estagiando e pouco acontece de verdade nesta parte da história. Vemos Carmy trabalhando, concentrado e aprendendo. Entretanto, esse momento voltará no último episódio, com um
encontro fundamental entre o jovem e o renomado chef.

Carmy trabalhando no Ever

Vemos que Carmy passou pelo mesmo processo que Marcus (Lionel Boyce) na temporada anterior, inclusive, vivendo no mesmo barco e cuidando do gato, em Copenhagen. É um ambiente calmo, assim como a cozinha do Ever. Carmy vê o famoso Chef René Redzepi observando fotografias e, a partir dali, ele aprende a importância da imagem do prato e como fotos (ou desenhos, como ele faz) podem auxiliar no processo.

É no NOMA, já eleito o melhor restaurante do mundo, que Carmy tira foto de um dos pratos e envia para o irmão Mikey (Jon Bernthal) e ele mostra para Tina (Liza Colón-Zayas), em uma cena que voltará a aparecer no sexto e incrível episódio da temporada.

Carmy indo para Nova York

A parte emocionante do episódio, a despedida de Carmy depois que ele volta de Copenhagen e vai partir para trabalhar em Nova York. Temos uma breve cena após o jantar do sexto episódio da temporada passada, “Peixes”, com Carmy, Richie e os irmãos Fak do lado de fora da casa, vendo o carro de Donna (Jamie Lee Curtis) ser rebocado depois que ela invadiu a sala. Ali vemos pela primeira vez que, naquela noite, Claire apareceu e cruzou olhares com Carmy.

O outro momento é a despedida entre Carmy e “Sugar” (Abby Elliott), a irmã dele, que está preocupada com o irmão e a nova vida em NY. Natalie usa a famosa frase dos irmãos Berzatto, “Let’ er rip”, dando força para ele. Já no avião, Carmy descobre que a irmã colocou o dinheiro que ele havia negado no bolso dele, mostrando mais uma vez a vocação dela para querer cuidar da problemática família.

Carmy em Nova York

Vemos pela primeira vez onde Carmy se tornou um dos Chefs mais celebrados do mundo. Acompanhamos o início, com seu primeiro trabalho ao lado do renomado (e verdadeiro) Daniel Boulud, que mostra alguns de seus segredos para o jovem. Essa parte também faz uma ligação direta com “Peixes”, mostrando Carmy dormindo no sofá de Stevie (John Mulaney), após o convite de Michelle (Sarah Paulson) no episódio.

É em Nova York também que o maior pesadelo (e o estrelato) de Carmy acontece. É lá que ele trabalha no Empire, para David Fields (Joel McHale), o Chef que assombra sua mente e o humilha a todo momento, exigindo perfeição máxima no trabalho, chamando-o de incapaz e quebrando seu psicológico.

Ao mesmo tempo vemos Sydney provando o hamachi que ela havia contado para Marcus no final da primeira temporada, ligando todo aquele mal que Carmy sofre ali, com a perfeição do prato.

É no Empire que Carmy recebe a ligação de Sugar para informar que Mikey está morto.

Carmy de volta a Chicago (e ao presente)

A perda de Mikey reflete em todos. Vemos cenas de Richie batendo na porta do melhor amigo, enquanto ele não responde. É mais um grande golpe para o “primo” e nos dá a entender que foi ele quem encontrou o corpo do irmão de Carmy.

Todos os funcionários do The Beef aparecem para o funeral de Mikey (menos Neil Fak). Carmy não tem coragem de entrar. Vemos ele dentro do carro, do outro lado da rua e depois indo embora.

De volta ao tempo presente, também temos Carmy se desculpando por ter abandonado Sydney na noite de abertura do The Bear e deixando uma mensagem de voz se desculpando com Richie. Ao longo do episódio e com todas as lições que vai aprendendo, também vemos o protagonista listando os “não-negociáveis”.

As dores e o talento de Carmy moldaram quem ele é até aqui. Os “não-negociáveis” falam mais sobre ele do que sobre sua comida. E eles vão ditar o ritmo e os problemas da nova temporada.