Opinião: Está na hora de deixar o MCU de lado?
Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania é péssimo cartão de visitas e não dá motivos para acompanhar a próxima grande história do Marvel Studios
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O Marvel Studios passou por uma crise existencial nos últimos anos. O encerramento apoteótico da Saga do Infinito deu lugar a uma série de filmes prejudicados por más decisões criativas e uma pandemia. Mas havia ainda um enorme crédito para o MCU gastar com o público.
Isso resultou em uma Fase 4 na qual os problemas eram visíveis: era uma Marvel sem foco, que precisava lidar com as obrigações de esticar seu universo cinematográfico para o Disney+, adicionando séries a um já abarrotado cronograma de produção. Por outro lado, foi também um período que deu mais liberdade durante a produção e atraiu cineastas de um calibre que o MCU não costumava ter, com nomes como Chloe Zhao e Sam Raimi.
Essa fase de experimentação durou por toda a Fase 4, encerrada em 2022 com Pantera Negra: Wakanda Para Sempre. Agora, na Fase 5, cujo pontapé inicial é dado porHomem-Formiga e a Vespa: Quantumania, a promessa do Marvel Studios era a de uma história com foco e destino, algo ausente nos últimos três anos.
Mas o novo longa da Marvel não parece fugir muito dos problemas que já vinham se arrastando desde a Fase 4 e nos coloca uma dúvida: será mesmo que precisamos continuar dando tanta atenção ao MCU?
O novo filme da Marvel é um desfile de duas horas de todos os vícios dos filmes da Fase 4: um filler incapaz de fazer seus personagens lidarem com qualquer consequência, mais uma vez entregando toda a sua razão de existir para a cena pós créditos - e, por consequência, para o próximo filme.
É claro que isso não é novidade no MCU, que vem desde 2008 utilizando essa tática de forma bem sucedida para nos manter envoltos nessa história. O que mudou, no entanto, foi a incapacidade de criar algum tipo de envolvimento nas duas horas que antecedem a cena pós-créditos. De tanto nos pedir para esperar pelo futuro, a empreitada de Kevin Feige deixou de olhar para o presente.
E, a julgar pelas duas horas desperdiçadas pelo novo filme do Homem-Formiga e da Vespa, essa tendência não deve mudar tão cedo. Sua grande razão de existir é apresentar Kang, o Conquistador, o vilão de Jonathan Majors que será o grande antagonista das Fases 5 e 6 do MCU. A introdução de Kang acaba se sobrepondo a todos os demais aspectos do filme, com uma conclusão pouco satisfatória que arranha a imagem do personagem como uma ameaça a este universo.
O MCU cada vez mais se aproxima de seu material original. Ainda haverá alguns brilhos, mas pouco incentivo para continuar acompanhando a história por completo, o que pode ser fatal para uma saga que precisa de anos para se desenrolar - e ainda pode enfrentar concorrência séria nos próximos anos com o DCU de James Gunn e Peter Safran.
Se havia alguma esperança de que o cenário deve mudar, ela deve ficar só para os próximos anos, já que os longas do futuro do MCU a curto prazo, comoGuardiões da Galáxia 3 e As Marvels, dificilmente devem lidar com questões mais abrangentes da grande história que o Marvel Studios quer contar, no qual os filmes em si perdem por estarem amarrados a um grande “vem aí” que nunca chega, e em desenvolvimentos a passos curtos em cenas pós-créditos.
Sem muitas justificativas para seus próprios filmes, devemos prestar tanta atenção ao que está acontecendo neste universo? A franquia não deve deixar o centro de Hollywood tão cedo, ainda mais levando em conta que os seus três filmes em 2022 chegaram no top 10 da bilheteria global. Mas, a cada novo episódio sem rumo, fica mais difícil manter tanta gente interessada nessa história.