Pantera Negra: Wakanda Para Sempre - Crítica do Chippu

Pantera Negra: Wakanda Para Sempre - Crítica do Chippu

Com o espírito de Chadwick Boseman presente em cada cena, Wakanda Para Sempre imortaliza o significado do Pantera Negra

Thiago Romariz
8 de novembro de 2022 - 6 min leitura
Notícias

A missão de Ryan Coogler em Pantera Negra: Wakanda Para Sempre é das mais complexas. Além de precisar repetir o sucesso do primeiro filme, um dos grandes da história da Marvel Studios em bilheteria e recepção de público e crítica, o cineasta viu seu protagonista falecer de forma trágica há poucos anos. Chadwick Boseman, porém, está em cada canto da sequência, e não de uma maneira gratuita ou piegas. O Rei T'Challa é personificado pela importância do nome Pantera Negra para o entretenimento atual. Wakanda Para Sempre é um filme de herói que, assim como o primeiro, transcende o gênero, e apesar de exibir vícios conhecidos do estúdio, se destaca pela história madura e consciente de seu próprio poder.

Mesmo com tamanho desafio, seria mais simples transformar o longa em uma grande homenagem. A perda de Boseman, porém, se transforma no ponto de partida para a trama que mostra uma guerra entre Wakanda e Talocan, a nação do deus subaquático Namor, interpretado pelo mexicano Tenoch Huerta. A ausência do Rei é o combustível para a temática de luto que se alastra pelo roteiro inteiro, e é oportunamente transformada por discussões que tornam Wakanda Para Sempre único e dissociado de Boseman. Como o imperialismo destrói nações, como vítimas do colonialismo reagem, como religião e política conversam, como legado e rupturas convivem, como a morte impacta a vida. O embate das contradições é a essência do novo Pantera Negra, um filme que sacrifica a ideia de um herói principal para ao optar por explorar as motivações e complexidades dos povos em tela, eternizando, assim, a força do personagem título.

Pantera Negra: Wakanda Para Sempre - Saiba o que acontecerá com T'Challa (Spoilers)

O núcleo dramático se sustenta, em Wakanda, entre Shuri (Letitia Wright), Ramonda (Angela Bassett) e Okoye (Danai Gurira). As três se conectam pelo luto, mas divergem na forma de lidar. Coogler não consegue sustentar o arco de Okoye como faz com as outras duas, mas escancara entre elas os dilemas entre religião, tecnologia, legado e obediência. Ao invés de se apoiar no sentimentalismo justo sobre a perda de T'Challa, o roteiro dá independência para Shuri ser o ponto de referência da nação, mas é inevitável que Ramonda se torne, devido à incrível atuação de Angela Bassett, a força maior de Wakanda em tela. Dolorida, mas impassível como uma fortaleza, a personagem se confunde com a altivez da atriz, digna de figurar com méritos entre as melhores atuações da temporada. E, diga-se, não só poder ser uma matriarca que viu o reinado ruir, mas por ser o símbolo de superação e sacrifício que as nações que inspiraram Wakanda sempre tiveram.

Do lado de Talocan, Namor se equilibra entre o vilão impetuoso e o herói incompreendido de um país prestes a sucumbir, de novo, ao imperialismo. Huerta acha a medida certa para tornar o personagem misterioso e complexo sem se afogar no mar de antagonistas sem alma da Marvel. Os figurinos de Ruth E. Carter aliados ao design de produção e direção de arte ajudam a dar vida ao mundo mesoamericano de Talocan, ao mesmo tempo que permite ao personagem ser tão único quanto T'Challa é. O sotaque forte e a trilha impecável de Ludwig Göransson também ajudam nessa composição, assim como as músicas escolhidas por Coogler (repetindo o feito sonoro impecável do primeiro filme), tornando este um personagem por si só. Não só um coadjuvante. Os efeitos visuais, tão criticados nos últimos anos no mundo Marvel, cumprem o papel aqui, e mesmo pouco explorado, o mundo aquático de Namor se comporta de maneira efetiva.

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Enquanto a apresentação das nações funcionam em equilíbrio com os temas da história, o mesmo não se pode dizer das histórias terrenas de Wakanda Para Semprer. Riri Williams, bem interpretada por Dominique Thorne numa espécie de Peter Parker mais adulto, serve como motor da história, mas carece de motivação ou envolvimento suficiente, principalmente com temas tão fortes e trajetórias tão importantes nos outros núcleos. O mesmo acontece com Agente Ross de Martin Freeman, outra peça feita para o MCU funcionar e não necessariamente agregar aos temas. Atrapalhar, ninguém atrapalha. Mas são gorduras de um roteiro preocupado com ligações ao universo expandido.

Pantera Negra: Wakanda Para Sempre - Tudo sobre o filme que homenageará Chadwick Boseman

E justamente por tais preocupações, essa sequência se parece tanto com um filme da Fase 3 da Marvel, aquela com Guerra Civil, Pantera Negra, Guerra Infinita e Ultimato. Uma Marvel consciente da importância das consequências e da necessidade de histórias mais maduras. É verdade, porém, que nenhum destes tem uma trama que transcende o mundo dos bonecos. Apenas Pantera Negra. Ao fim de Wakanda Para Sempre, somos relembrados da importância de símbolos como T'Challa, símbolos cujos significados vão além de sua própria existência na tela e perduram na história pela mensagem transmitida ao mundo.

4/5

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