Peça por Peça: Visual criativo não salva documentário em Lego de Pharrell Williams de ser a chapa branca de sempre

Peça por Peça: Visual criativo não salva documentário em Lego de Pharrell Williams de ser a chapa branca de sempre

Animação utiliza brinquedos para diferenciar história do cantor e produtor, mas não tem coragem para ir além

Alexandre Almeida
17 de setembro de 2024 - 5 min leitura
Notícias

As biografias musicais são um dos maiores filões do cinema atual. Ao longo dos últimos anos, puxados pelo sucesso estrondoso de Bohemian Rhapsody, vimos as histórias de Elton John, Bob Marley, Amy Winehouse e Elvis, por exemplo, tentando, em vão, repetir o sucesso de bilheteria do “filme do Queen”. Ainda em 2024 teremos a história de Bob Dylan, com Timotheé Chalamet e 2025 prepara a chegada daquela que pode ser a maior (em bilheteria) de todas, com o filme de Michael Jackson, dirigido por Antoine Fuqua.

Pharrell Williams, um dos maiores nomes da música, claro, não poderia ficar de fora dessa onda. Apoiado em suas ideias pop e de collabs com grandes marcas, como a Adidas e Louis Vuitton, a história do cantor e produtor acabou não ganhando apenas uma biografia comum, mas uma animação, em formato de documentário e utilizando Lego para contar seus dias desde a infância, até um dos maiores hits da história com Happy, de Meu Malvado Favorito 2.


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A ideia é realmente excelente. As possibilidades que a animação abre para contar essa história, baseada em um artista e sua criatividade, são quase infinitas. Utilizar a simpática animação em Lego, que ganhou o mundo com seus próprios filmes e ainda uma dedicada ao Batman, é mais um acerto. A vida de Pharrell passa a ser mostrada de uma forma completamente lúdica, construindo e remontando cenários como o apartamento onde vivia quando criança, a escola onde estudou e criou o The Neptunes, até a chegada daquele que mudaria sua vida para sempre, o produtor Teddy Riley, com seu estúdio e os carrões. Toda a construção do mundo utilizando as pecinhas e a simulação de diversos tipos de câmera e iluminação, para imitar um documentário real, chamam a atenção pela inventividade.

Entretanto, Peça por Peça sofre do mesmo problema da maioria das biografias musicais: o envolvimento do próprio artista ou de familiares na produção. Parece quase impossível que se tenha uma cinebiografia contada com a proximidade dos envolvidos, que não passe pano para diversos problemas ou que use os erros como uma simples escada para a glorificação do material do biografado. Existem, claro, casos mais isolados como o próprio Rocketman, em que Elton John não privou o filme de seus exageros com drogas. Straight Outta Compton é um dos melhores exemplos recentes, que alinha o sucesso, talento e as tragédias pessoais do grupo, sem passar pano para os erros, brigas e excessos.


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Com Pharrell, de acordo com o filme, só existe um problema em toda a sua carreira e é o ego. Fora isso, nada ao longo dos 90 minutos mostra qualquer tipo de defeito no artista. Ele é sempre o mais dedicado, aquele com as melhores ideias, o que pensa nos amigos assim que tem uma nova batida na mão… Seu maior defeito, apontado na história, é uma justificativa para o quão impressionante foi sua trajetória, suas conquistas e tudo o que ele proporcionou para a cultura pop. O ego do artista e produtor do filme acaba, mais uma vez, falando mais alto.

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Para os fãs de música e de Pharrell Williams, o Peça por Peça traz a participação de diversos nomes mundialmente conhecidos, incluindo aí Snoop Dogg, Jay-Z e, claro, Kendrick Lamar. Não dá para negar que é bacana ver a biografia sendo contada com Lego e Pharrell tem uma história interessante. Mas ela não é tão diferente da maioria das cinebiografias musicais que já vimos por aí e nem uma daquelas onde apenas a trama já se sustenta por si só.

O formato em documentário e as pecinhas de Lego acabam sendo só um pouco mais de enfeite em uma página animada de Wikipedia, aprovada, claro, pelo biografado.



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