Pinguim abraça lado cartunesco - no melhor sentido - em episódio que marca de vez a guerra entre Oz e Sofia - Crítica e Resumo

Pinguim abraça lado cartunesco - no melhor sentido - em episódio que marca de vez a guerra entre Oz e Sofia - Crítica e Resumo

Série se afasta do drama de máfia para se jogar de vez nos quadrinhos

Alexandre Almeida
20 de outubro de 2024 - 8 min leitura
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[Cuidado com Spoilers do episódio 5 de Pinguim no texto abaixo]

O último episódio dePinguim pulou de cabeça no psicológico de Sofia Falcone (Cristin Milioti) e na violência que a jovem herdeira do mafioso Carmine (Mark Strong) sofreu, ao ser traída pela própria família, em prol da liberdade do chefão. Após ter dado cabo de quase todos que carregavam o seu sobrenome, agora ela está pronta para entrar em guerra com a outra parte da traição sofrida: Oz Cobblepot (Colin Farrell). Já do outro lado da cidade, após conseguir escapar da emboscada dos Maroni com a ajuda de Victor (Rhenzy Feliz), Oz precisa recuperar os cogumelos que são a fonte para o Bliss e enfim começar a tomar seu lugar nessa trama do submundo de Gotham City.

O quinto episódio da série escancara de vez a guerra entre Oz e Sofia, reforçando o Pinguim como uma força contra os Maroni - ao sequestrar Taj, o herdeiro de Salvatore (Clancy Brown) - e colocando Sofia na ponta da mesa onde Carmine Falcone sentava. Sob o comando de Helen Shaver, “Homecoming” abraça o lado cartunesco da adaptação dos quadrinhos. E não entenda o termo como uma coisa ruim. O filão de super-heróis acabou acostumando os espectadores com histórias baseadas em conceitos reais e uma busca por grandes explicações, deixando de lado as características fantásticas que muitas dessas histórias carregam. Matt Reeves conciliou isso com maestria em Batman (2022) e Pinguim finalmente deixa de tentar ser um Sopranos de Gotham, para seguir por um caminho próprio. Há dois grandes momentos em que isso fica explícito no quinto capítulo e em ambas as partes do conflito.

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Do lado de Sofia, após matar quase toda a família, apenas deixando Johnny Vitti (Michael Kelly) vivo, a filha de Carmine Falcone tem que lidar com essa nova situação que se instaurou em sua mansão. Após a visita do chefe de polícia Bock (Con O’Neill repetindo seu papel de Batman) e encarando-o sem medo, Sofia se encontra com Vitti, que conta sobre o passado da mãe dela e o quanto Isabella tentou fugir de Carmine, mas não conseguiu por causa dos filhos. Ele propõe ajuda e acaba sentando novamente à mesa dos Falcone, quando Sofia decide reunir todos os capangas. Usando um casaco de pele, decote e delineadores marcantes nos olhos - num visual igual aos quadrinhos - Sofia anuncia que ela própria matou os Falcone e que o nome da família está extinto, passando agora a se chamar Gigante, sobrenome de Isabella. Vitti ainda tenta argumentar, mas depois de ganhar um beijo na cabeça - à la Judas - Sofia o mata na frente de todos, incluindo Julian Rush (Theo Rossi), que voltou para ajudá-la a conseguir o que quer, de uma vez por todas.

Do outro lado da cidade, na prisão Blackgate, Oz negocia com Salvatore e Nadia Maroni (Shohreh Aghdashloo) a libertação de Taj em troca dos cogumelos que foram roubados. Os pais aceitam e na saída da prisão, Cobblepot arma um ataque contra Sal - que mais tarde é pego de surpresa por um guarda dentro da própria cela - e vê na TV que Sofia matou a família toda. Vale ressaltar que, alguns momentos antes, Oz havia dito para Vic que ela era um “cão que late, mas não morde” e agora ele percebe que não é bem assim. Cobblepot se encontra com Nadia e entrega Taj todo molhado para a mãe, que acaba levando capangas para tentar matar o Pinguim. Quase sempre um passo à frente dos outros, Oz consegue escapar com os cogumelos, mas antes ateia fogo - o líquido em Taj era inflamável - queimando vivos o filho e a esposa de Maroni.

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Após a fuga, Oz descobre que os cogumelos estão quase todos mortos e apenas dois baldes contém alguns que sobreviveram. Ele recebe uma ligação de Salvatore, que sobreviveu ao ataque, e pede que Victor leve a mãe para um lugar seguro. O jovem e Francis (a sempre ótima Deirdre O'Connell) vão parar em um apartamento em Crown Point, área devastada da cidade após os ataques do Charada, cheia de carros revirados e lixo nas ruas. “O lado leste é amaldiçoado”, diz Francis. Ela conta que o local é parecido com o que ela vivia com Oz e os dois irmãos e carrega uma caixa cheia de pertences das crianças. E é ali que vai entrar a cereja do bolo do episódio.

Após uma discussão com a mãe, ao dizer que, assim como ela, também perdeu muita coisa na infância, Oz encontra uma ficha que dava direito a andar nos antigos bondes de Gotham e leva Victor até um antigo depósito subterrâneo dos bondes, local onde Oz brincava com os irmão quando era criança. Pinguim então estabelece a nova base de operações do vilão em túneis subterrâneos da cidade, junto ao esgoto e sistema de águas, local dominado por ele nos quadrinhos e perfeito para o crescimento de novos cogumelos por causa da falta de luz e da umidade. Realista e fantástico juntos, sem forçar a barra para nenhum dos dois.

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A guerra pelo controle de Gotham agora tem duas frentes. De um lado, o subterrâneo controlado por Oz e seus comparsas, que o acompanham a partir de sua lealdade e compartilhamento dos ganhos. Do outro, quase como representando a superfície, a união das duas famílias ricas, Gigante e Maroni, após um acordo entre Sofia e Salvatore. Ainda é um jogo em aberto, onde ambos os lados têm suas fragilidades, seja na falta do que vender para conseguir dinheiro, no caso de Oz, seja no estabelecimento dessa nova força entre rivais, de Sofia.

Pinguim continua expandindo esse universo e - tal qual um GTA da vida - vai desbloqueando novas áreas desse mapa que, cada vez mais, não tem como escapar das intrigas e da violência. Quem tem mais a perder? Quem está disposto a sacrificar mais? O tabuleiro está montado.

Os episódios de Pinguim são exibidos todos os domingos, às 22h, na HBO e ficam disponíveis na Max na data do lançamento.

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