Pinguim: Série caminha para final com protagonismo do sonho da perseverança contra os privilégios de Gotham - Crítica e Resumo
O três pilares da história - Oz, Sofia e Vic - são destaques no antepenúltimo episódios
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Já de cara o sexto episódio de Pinguim - “Gold Summit” - deixa claro seu tema principal: quem manda nas ruas de Gotham City? Desde a morte de Carmine Falcone, a guerra pelo poder no submundo da cidade explodiu, afetando desde capangas descartáveis, até uma família inteira (Falcone) e parte de outra (Maroni). Uma nova droga assumiu a posição da queridinha de antes (as Gotas, que vimos em Batman) e a própria cidade ainda se recupera dos estragos causados no passado.
Sem perder tempo, a história já nos mostra que o local que Oz (Colin Farrell) e Vic (Rhenzy Feliz) acham no final do episódio anterior, já virou uma fábrica imparável do Bliss. Os cogumelos já cresceram e Oswald começa a pensar na expansão dos negócios. Para isso, precisa entrar em um acordo com os outros chefes do crime da região, longe das grandes mansões e da alta sociedade de Sofia (Cristin Milioti) e Salvatore (Clancy Brown). Essa “luta de classes” espelhada no submundo já não é novidade em Pinguim, mas com o novo episódio, ela vira o mote principal.
Oz deixa isso claro ao falar sobre os trabalhadores de sua “fábrica”. É o povo de Crown Point, local afetado pelas enchentes do Charada e esquecido pelos políticos e ricos da cidade. Como ele deixa claro, é o povo trabalhador, que recebe seu dinheiro e tenta perseverar nessa releitura do sonho americano, pintado com as cores de Gotham e das criações da DC Comics. É nesse sonho que Victor se agarra cada vez mais ao trabalhar ao lado do chefão. “Victor Aguilar, Oswald Cobb… nomes para durar para sempre”, diz Oz para o garoto.
É muito interessante como o episódio escrito por Nick Towne e dirigido por Kevin Bray, coloca os dois personagens para vestir novas “fantasias”. Oz está sempre observando o outro lado da cidade, o lado rico, o lado que, no atual momento da série, rouba energia da área mais pobre - e onde ele domina - para aquecer as famílias mais privilegiadas de Gotham. Protetor da mãe - cada vez mais frágil - e vivendo sem luz, Cobblepot vai cobrar um vereador da cidade da forma como pode: com violência e ameaças. O resultado acontece e Crown Point recebe a energia ao final. Pinguim, ao proteger a mãe, ganha mais pontos com o local.
Nas ruas, o outrora frágil e assustado Victor precisa tomar uma decisão que vai colocá-lo de vez nos trilhos construídos por Oz. Cercado por Squid (Jared Abrahamsom), que também quer uma fatia do negócio de sucesso do Pinguim, ele tenta conversar com o chefe sobre a possível ameaça que pode colocar o plano deles em risco. Sem a atenção do chefe, Victor precisa resolver com as próprias mãos o problema e em uma ótima (e tensa) cena, o jovem tira a vida de Squid com um tiro no pescoço. Nos braços do chefe, que o acolhe após seu primeiro assassinato, Vic sabe que é um caminho sem volta e o melhor conselho que poderia ouvir naquele momento, Oz fala baixinho ao seu ouvido: depois fica mais fácil.
Do outro lado da cidade, Sofia e Sal começam a se unir. O primeiro laço começa em um jantar, acompanhado por um vinho caro de Carmine, louças especiais da família e o ressentimento dos dois com Pinguim. O episódio não esconde a comparação entre a quente e confortável refeição na casa de Sofia, com o frio e nervoso jantar no esconderijo de Oswald.
O mesmo acontece no encontro entre Sofia e Eve (Carmen Ejogo), a ex-amante de Oz, em que a acompanhante deixa claro para a nova chefe dos Gigante que elas compartilham os mesmos privilégios. O roteiro do episódio então coloca as duas - de forma extremamente calma - para discutir aqueles privilégios que são tirados delas por serem mulheres. Eve se submetendo aos homens que a pagam, como Oz e tendo que agradar ele, assim como Sofia tinha que fazer com o pai e os tios. A diferença está no poder que Sofia tem pelo privilégio de ser rica. O Carrasco volta à tona, quando Sofia revela que Eve serviu de álibi para que ela fosse acusada, o que faz com que a ex-companheira de O dê uma chance para Sofia e conta para ela onde encontrar Cobblepot.
Enquanto Oswald reúne todas as gangues que precisa para o Bliss dominar as ruas da cidade de vez e expõe a guerra entre eles e os “chefões da máfia” da parte rica da cidade, longe dali, algo de muito valor para ele está em perigo. Oz deixa claro aos líderes que a luta é: eles contra os privilegiados. Os que “constroem as pontes” contra aqueles que ganham seus nomes nelas. Eles versus Sofia e Sal. Mas quem está prestes a perder é ele, com Sofia invadindo sua casa e encarando Francis (Deidre O’Connell) e Vic dançando, no momento em que a energia retorna para Crown Point.
Pinguim se prepara para a reta final sem deixar que os grandes temas da série se percam no meio da trama. Amparar isso nos três pilares principais, Oz, Sofia e Victor, contribui para simplificar isso. Toda a ação e reação são estabelecidas a partir dessas ligações dos personagens com suas raízes em Gotham e os laços que criaram. A pergunta que vem perdurando todos esses seis episódios, parece ser a chave para entender o que vem por aí: quem vai se machucar menos nessa disputa? Feridos, aparentemente, todos sairão.