ENTREVISTA: Selton Mello fala sobre Auto da Compadecida 2, Ariano Suassuna e carinho por Pernambuco (Exclusivo)
Em entrevista ao Chippu, ator descreve o filme como algo que reverencia a obra de Ariano e um trabalho muito bonito
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Em minha entrevista com Selton Mello, o foco da conversa era o podcast narrativo que ele estrela, França e o Labirinto, e eu sabia que arrancar alguma informação de Auto da Compadecida 2 seria difícil. O filme começou suas gravações há pouco, e é natural haver um grau maior de sigilo nessa frase do desenvolvimento. Mas eu precisava tentar. Mal sabia eu que bastava falar da minha terra natal para Mello se soltar, e entrar numa divertida fala sobre Pernambuco e seu carinho pelo estado.
"De onde você é?" Mello me perguntou quando mencionei meus conterrâneos. Ao responder de Recife, ele entendeu a curiosidade pelo filme. Auto da Compadecida é uma das grandes obras situadas em Pernambuco, e seu autor, o eterno Ariano Suassuna, é o pernambucano mais pernambucano que, na verdade, nasceu na Paraíba.
"Fui muito feliz aí em Recife, fazendo teatro, fazendo cinema. Lisbela e o Prisioneiro. Filmei também Árido Movie no sertão de Pernambuco, em Arcoverde," ele relembrou. "Tenho uma relação muito grande com a cultura pernambucana, com o público de Pernambuco."
Nessa relação, não é injusto dizer que o primeiro Auto da Compadecida é o principal elemento. Ariano Suassuna, com quem uma vez assisti a um jogo do Sport na Ilha do Retiro, encapsulou no texto muito da cultura, charme, humor e particularidades de Pernambuco, e o filme de 2000 trouxe isso com cuidado e carinho para o cinema, trabalhando próximo ao autor para alcançar o resultado. Ariano faleceu em 2014, mas Mello garante que a continuação usa suas palavras.
"Tem várias passagens do Ariano nessa continuação. Certamente ele está abençoando o que a gente está fazendo. É um trabalho muito respeitoso com a obra dele, e estamos muito contentes de viver isso, e à medida que estamos muito contentes de viver isso, certamente o público também ficará," Mello disse, chamando Auto da Compadecida de "patrimônio brasileiro."
"É um trabalho muito bonito. Tem sido muito emocionante reencontrar o Matheus [Nachtergaele] depois de 25 anos, reverenciando a obra do Ariano Suassuna," ele disse. "Eu acho que tem muita gente que vai ver o 2 e não viu o 1, se é que alguém não viu esse filme ainda, aí vai ter curiosidade, e é muito bonito como está se construindo esse retorno. E eu já estou falando mais do que devia," Mello riu.
Em Auto da Compadecida 2, com direção de Guel Arraes e Flávia Lacerda. Mello e Natchergaele voltam a viver os nordestinos Chicó e João Grilo, respectivamente. O filme também conta com Thais Araújo como Nossa Senhora, papel que no original foi de Fernanda Montenegro (conflitos na agenda da atriz impediram seu retorno), Eduardo Sterblitch no papel de Arlindo, um comerciante e radialista poderoso; Humberto Martins como Coronel Ernani; Fabiula Nascimento como Clarabela; Luis Miranda como Antônio do Amor; Juliano Cazarré como Omar; Luellem de Castro como Iracema; e Virginia Cavendish, que permanece como a icônica personagem Rosinha, e Enrique Diaz, que dará vida mais uma vez a Joaquim Brejeiro.
Ainda sem data de estreia, Auto da Compadecida 2 estreia em 2024.