
Shazam! Fúria dos Deuses retorna à fórmula mais simples de super-heróis com bons resultados - Crítica do Chippu
Sem grandes feitos mas com personagens legais, filme de David F. Sandberg faz o básico, mas faz bem

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Assistir a Shazam! Fúria dos Deuses é uma experiência curiosamente nostálgica. Não pela saudade do primeiro Shazam!, um inofensivo mas agradável filme parcialmente deixado de lado durante a bizarra era pós-Zack Snyder e pré-James Gunn da DC no cinema, mas por um período no qual filmes de heróis podiam ter escopo menor, e na sua humildade, encontrar sucesso. Não me entenda errado, essa continuação é recheada de efeitos especiais, magia, criaturas monstruosas e deuses. Mas é também uma simples e eficaz narrativa sobre um garoto com medo de ser abandonado novamente.
Ao não tentar reinventar a roda, ou levantar bolas demais num malabarismo multiversal, o longa dirigido por David F. Sandberg se preocupa apenas em seguir a história de Billy Batson (Asher Angel e, após gritar Shazam, Zachary Levi). Com a exceção de uma cena pós-créditos no bom estilo “iniciativa Vingadores,” é isso que ele faz.
O futuro do personagem no novo Universo DC permanece um mistério (a presença de Peter Safran como produtor, porém, sugere uma certa segurança), mas em Fúria dos Deuses, essa despreocupação com o futuro é um trunfo. Sem a obrigação de preparar spinoffs ou apontar para os próximos dez anos de narrativa, o novo Shazam se concentra apenas em fazer o que filmes de heróis fazem melhor: divertir com a nova aventura de personagens cativantes.
Fúria dos Deuses nos traz de volta à residência de Rosa e Victor (Marta Milans e Cooper Andrews), os pais adotivos de Billy, Freddy Freeman (Adam Brody como herói, Jack Dylan Grazer como jovem), Darla Dudley (Meagan Good como heroína, Faithe Herman como jovem), Pedro Peña (D.J. Cotrona como herói, Jovan Armand como jovem), Mary Bromfield (Grace Fulton em ambas as versões) e Eugene Choi (Ross Butler como herói, Ian Chen como jovem).
Os seis são a “Família Shazam” há dois anos, e apesar de conseguirem um certo sucesso nas missões, a cidade de Philadelphia os trata feito perdedores, e parte disso é pela incapacidade de seus membros de trabalhar em equipe. Por mais que Billy tente mantê-los juntos, como explica na sua primeira aparição em cena, cada um tem seu interesse, e no caso de Mary, isso inclui deixar a casa e viver o início da vida adulta em uma faculdade.
Mesmo os mais novos, incluindo seu melhor amigo Freddy, têm menos vontade de ser uma equipe do que de paquerar meninas e testar seus próprios poderes. Para Billy, porém, isso traz à tona as preocupações antigas. Ele, afinal, foi abandonado pelos pais biológicos e pelo sistema adotivo dos Estados Unidos, e a ideia de ser afastado da família que encontrou lhe assusta ao ponto de transformá-lo num controlador. Não é a situação ideal para o grupo, especialmente quando as filhas de Atlas entram em cena para roubar os poderes de deuses que Shazam e seus parceiros usam.
Héspera (Helen Mirren), Calypso (Lucy Liu) e Anthea (Rachel Zegler) são, também, uma família. Apesar de estarem em conflito com os Shazams, seus problemas muitas vezes são semelhantes, e os melhores momentos do filme vêm quando Sandberg encontra maneiras divertidas de gerar essa dinâmica.
Tais dinâmicas, claro, não passam de um bom feijão com arroz, mas Sandberg trabalha bem dentro desse escopo. O diretor, assim como o roteiro de Henry Gayden e Chris Morgan, reproduzem aqui as táticas um dia conhecidas como “fórmula Marvel,” quando a rival da DC encontrou o caminho para o coração do público focando na caracterização bem-humorada e charmosa de seus personagens, dosou bem os conceitos mais cabeçudos, e balanceou as cenas mais expositivas com muito humor. Shazam pode ser da Distinta Competidora, mas ele sua execução desses princípios supera a de vários blockbusters das Fases 4 e 5 do MCU.
Levi, quaisquer sejam seus erros fora de tela, consegue impedir a personalidade frenética de Billy de cair na irritação, e nos poucos momentos do garoto como garoto, Angel faz um bom outro lado da moeda. O ator jovem não recebe tantas chances aqui como no primeiro Shazam, mas assim como boa parte do elenco secundário, as aproveita de forma carismática. Dylan Glazer, Fulton e Herman são os grandes destaques dos coadjuvantes, Mirren e especialmente Liu se divertem como vilãs, e Zegler faz um trabalho competente como alguém no meio desses dois mundos.
Novamente, ninguém é incrível. Suas performances não recebem auxílio do diálogo muitas vezes abarrotado de falas expositivas explicando outra regra sem sentido de magia, de uma história confortável em desenvolver o arco de cada personagem da maneira mais básica possível, mas cada ator está disposto a entregar precisamente o tipo de interpretação que deixa esses filmes acessíveis.
Simultaneamente, tudo isso impede Shazam de ser algo especial. Ele não tem uma ponta afiada. Os poucos momentos de emoção genuína no clímax são desarmados por um deus ex machina dos mais absurdos em tempos recentes e pelas regras flexíveis quanto à magia dos heróis envolvidos na trama (surpreendentemente, mesmo com tanta exposição, Shazam ainda fica confuso), e a promoção do Freddy de Glazer a uma espécie de segundo protagonista em meio a uma jornada de se provar como herói remove tempo do dilema de Billy com sua síndrome de impostor (quanto a ser Shazam, a ser filho e a ser amado), o mais interessante aspecto do texto, cujo potencial nunca é explorado a fundo justamente por ter que dividir o palco.
Entretanto, é difícil não sair de Fúria dos Deuses com um sentimento positivo. Ele não faz muito, e nem faz nada para merecer grandes louvores, mas dentro de sua proposta, Shazam 2 atinge todo objetivo. Talvez ele seja só um aluno que passa por média com nota 7. Mas quando seus colegas de classe falham nas disciplinas mais básicas como, digamos, construir uma linha emocional para sua figura principal, passar na média é importante.
3/5
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