Contar uma história com elementos de jogos na qual um protagonista se descobre único dentro de um sistema não é nada novo e a tática vem sendo reciclada e reformulada há pelo menos uma década, desde a chegada de Sword Art Online ao mainstream. Os paralelos com Solo Leveling sequer param por aí, já que a obra original também vem da literatura: é uma web novel (romance digital) publicada em 2016 na Coreia do Sul.

Dois anos depois, a história foi adaptada como quadrinhos, primeiro em formato digital (webtoon), e depois físico (manhwa), e acumulou sucesso suficiente para ganhar uma adaptação em mangá no Japão — que localiza nomes de personagens e altera elementos da história — e, agora, uma versão em anime, também no mercado japonês, mas que adapta a versão em quadrinhos coreana, do autor Chugong e do ilustrador Dubu (1985-2022).

Utilizando o manhwa quase como um storyboard, os primeiros episódios de Solo Leveling já apontam uma das forças da adaptação: trazer, em formato animado, a dinâmica acelerada das lutas entre monstros e caçadores, capazes de se mover a velocidades sobre-humanas, especialmente em níveis mais altos.

Os dois episódios adaptam os dez capítulos iniciais da webtoon e também apontam um lado mais sombrio da obra em relação a outros títulos que apostam na fantasia medieval, abordando de maneira mais incisiva as ambiguidades morais e falhas de caráter da sociedade. Já na primeira missão, Jin-woo e seu grupo se deparam com um oponente impossível de derrotar, e só conseguem sobreviver graças aos instintos do protagonista. Num momento decisivo, os caçadores mais fortes sequer pensam duas vezes em abandoná-lo à própria sorte.