Esse tipo de relacionamento, inclusive, me deixou a impressão de que a série provavelmente não funcionaria, ou seria radicalmente diferente, caso Phoebe Waller-Bridge, a primeira atriz escalada para contracenar com Glover, como estava originalmente previsto, já que a versão mais contida interpretada por Erskine seria um desperdício da língua afiada da intérprete de Fleabag.

A nova versão também transporta o enredo de espionagem em casal para um novo contexto, no qual Glover e Francesca Sloane, criadores da série, trazem algumas das questões geracionais já exploradas em outra de suas criações, Atlanta.

Na nova versão, John e Jane parecem mais trabalhadores da economia de bicos do que espiões extravagantes. A dupla se relaciona com sua chefe apenas por mensagens de texto, com poucas margens para erro. Os primeiros momentos de intimidade do casal não são tão diferentes de pessoas que se conhecem no Tinder, também refletindo a onipresença da tecnologia em nossas relações sociais.

Nesse ponto, a nova versão acerta em trocar a ação extravagante pela comédia, especialmente quando o (pouco) entendimento entre o casal entra no caminho do trabalho. Isso leva a situações hilárias como em um episódio no qual a dupla precisa extrair informações de um bilionário interpretado por John Turturro, mas a missão toma rumos inesperados.

O elenco de apoio robusto, que também inclui nomes como Paul Dano, Sarah Paulson e Wagner Moura, deve colocar o relacionamento dos personagens de Glover e Erskine mais à prova. A série estreia nesta sexta-feira (2), com todos os oito episódios de uma vez.