Superman: O que a primeira foto de David Corenswet nos revela sobre o filme
Além de referências aos quadrinhos, imagem do reboot de James Gunn nos revela a intenção do diretor
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Segundo Grant Morrison, roteirista de Grandes Astros Superman, a ideia para capa da HQ, talvez a melhor do personagem, se não a melhor de toda a história da DC Comics, veio de uma conversa com um fã do herói durante a SDCC. Morrison e o artista Frank Quitely estavam ainda construindo o que viraria um épico sobre a dualidade de um homem capaz de super, e de um super que nunca deixa de ser um homem, quando os dois chamaram um homem vestido de Superman para sua suíte num hotel e perguntaram o que ele gostava em Clark Kent.
O homem colocou os cotovelos nos joelhos, e sua capa cobriu os ombros. Morrison observou naquela cena a chave perfeita para iniciar Grandes Astros: o alienígena superpoderoso numa pose profundamente humana. A imagem final (clique para ver) desenhada por Quitely é imediatamente icônica: Superman, com um sorriso relaxado e um olhar tranquilo, nos observa sentado numa nuvem. A capa, clara, cobre seus ombros.
Pensei nessa imagem imediatamente quando vi a primeira foto do Superman de David Corenswet no reboot dirigido por James Gunn. Não só porque Gunn citou Grandes Astros como inspiração algumas vezes, mas porque esse contraste — o super e o homem — está novamente presente.
O traje é, naturalmente, o que vai tomar mais atenção. A roupa da vez é, em primeiro lugar, uma roupa. Vemos as texturas, dobras e sujeira que marcam o uniforme, e Gunn fez questão de colocar Corenswet no ato de vesti-lo. Há elementos clássicos: a cueca vermelha está de volta, assim como o nem sempre usado cinto amarelo (presente em Grandes Astros) e o cachinho na testa, mas há um toque moderno na gola alta e nas linhas, que lembra a era Novos 52. Mas há algo mais importante.
Primeiras imagens não são o resumo de toda a obra, mas às vezes elas nos dizem muito. A do novo Superman é uma foto, não um frame do filme, pouco editada e inteiramente in-camera. Ou seja, não há grande uso de efeitos digitais (chuto que o plano de fundo ali é criado com o Volume). Olhe para a primeira imagem de Henry Cavill no Homem de Aço de Zack Snyder, e você verá, de cara, o que o cineasta queria comunicar com sua versão do herói: força e escuridão. Ali, na baixa saturação, estava o deus alienígena.
Aqui está o homem.
Se Snyder focou em Kal-El, James Gunn parece interessado em Clark Kent. A primeira foto do novo Superman revela um cara com olhos cansados (olheiras inclusas), precisando novamente vestir sua roupa de trabalho para salvar o mundo. O "S" sujo revela marcas de uma batalha anterior. Não deu nem tempo de lavar o traje, e já é hora de colocá-lo novamente. Não está fácil para ninguém.
Se em Grandes Astros o fantástico ficava claro ao vermos Superman relaxando sentado numa nuvem, aqui isso está presente nas explosões de lasers atrás dele. Ele é gente como a gente, ainda que suas circunstâncias sejam outras.
Há muitas formas de adaptar Superman. No cinema, as duas mais conhecidas (Donner/Reeve e Snyder/Cavill) focam, respectivamente, no aventureiro romântico de Hollywood e no alienígena com complexo de Cristo. Desde o começo, parece que o interesse de James Gunn com a versão interpretada por David Corenswet é em achar o homem no meio de tudo isso.
É só foto. Se o filme será bom, ou não, ainda é uma incerteza. Mas essa abordagem é, sem dúvidas, bem-vinda.