SXSW 2023 | Swarm encanta com comédia e terror sobre fãs obcecados por marcas e artistas
Donald Glover é um dos criadores da série do Prime Vídeo
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Quando a sessão de estreia de Swarm começou, o Paramount Theater em Austin estava completamente lotado. Todos sabiam que Donald Glover, um dos criadores da série, não estaria por ali, mas parecia que isso pouco importava, a atmosfera na sala era palpável -boa parte da audiência era formada pelos colaboradores da série e suas respectivas famílias. E quando Janine Nabers, parceira de Glover na criação do seriado, subiu ao palco, tudo fez sentido.
Nabers é texana, estava em casa no SXSW, evento que reúne cultura, tecnologia e inovação há cerca de 30 anos em Austin, no Texas. Mas para além disso, ela era uma representante de uma equipe “majoritariamente preta e apaixonada por este projeto”, nas palavras dela. Feliz e serena, a roteiros advertiu a plateia do que viria a seguir: uma série que vai chocar, ser polêmica, causar identificação e ser tema de discussões.
Ela não estava errada. Swarm é uma prova da ousadia da Amazon e seus colaboradores, pois usa a base de fãs de Beyoncé como inspiração para falar da cultura de obsessão e consumismo que orbita em figuras como a cantora. A surpresa, porém, é que não só as referências são diretas (a série se chamava Hive antes, em alusão aos BeHives, fãs de Beyoncé), como os gêneros que a produção escolhe para contar esta história variam da comédia ao suspense, passando por um thriller psicológico e até drama familiar.
Glover, responsável pela direção do primeiro episódio, optou por filmar tudo em película e em 4:3, o que dá um aspecto mais íntimo, quase caseiro ao produto. À parte da estética, que cria uma perfeita harmonia de paranoia e celebração dentro da mente da protagonista Dre, o ritmo da narrativa episódica torna Swarm uma sequência de acontecimentos inesperados e absurdos, ainda que façam completo sentido dentro da cabeça de Dre - ou talvez qualquer fanático.
As escolhas para o elenco de apoio são um êxito que enaltecem ainda mais a espetacular atuação de Dominique Fishback, que está imersa nesta aura de uma pessoa a procura de uma personalidade e acometida pela cultura do consumismo sem qualquer medida paliativa. É assustador, mas absurdamente familiar para quem vive na internet, infelizmente.
Entre as centenas de séries e filmes que hoje saem no streaming, Swarm traz uma leitura diferente para um tema tão discutido nesta mídia. Não é de hoje que criticam internet e artistas, mas a forma que Glover e Nabers resolvem estas questões nos primeiros dois episódios é não só diferente de tudo que já vimos, como atrativo suficiente para que fiquemos interessados no que virá até o fim da temporada.