Em seguida, vemos duas grandes cenas que aumentaram ainda mais o potencial do filme: o quarteto salvando e conhecendo April, depois um encontro deles com os mutantes liderados pela Super Mosca, vilão mutante dublado por Ice Cube. Na primeira, os jovens correm atrás do ladrão da bolsa de April e chegam numa garagem lotada de capangas. Ali, eles têm a primeira luta da vida deles e tudo é representado de maneira ágil, engraçada e como se realmente as tartarugas fossem adolescentes animadíssimos com o que acabaram de fazer. A velocidade dos diálogos é impressionante e, propositalmente, eles falam um em cima do outro sem parar, causando uma confusão de falas e referências que monta bem o caos cômico que o filme quer.

A apresentação dos vilões não poderia ser mais ridícula, e encantadora. A Super Mosca tem vários insetos e animais no seu bando, incluindo os famosos Rocksteady e Bebop. Eles vestem um ar de gangue estilosa, cantando músicas pop, hip hop e até tendo uma vibe hippie por vezes. Mosca diz que, por serem mutantes, eles são primos das Tartarugas, e começa ali uma amizade que deve desencadear no conflito principal do filme. O tempo inteiro a insegurança dos ninjas é colocada no holofote, ao mesmo tempo que a impulsividade deles traz momentos de êxito, mas também falhas em batalhas. Tudo como um adolescente deve ser.

O visual de Caos Mutante lembra Aranhaverso, sim, mas não é exatamente a mesma coisa, já que abusa de caricaturas em humanos, mas tem uma suavidade muito maior nos traços e cores que aparecem na tela. Isso, por si, já deixa o filme mais único. O que faz a diferença, porém, é a agilidade do humor e da ação, que aqui parece tornar o filme uma das melhores surpresas de 2023 e que pode colocar novamente Rogen na frente um dos roteiros de comédia mais interessantes dos últimos anos.