[O texto abaixo contém spoilers do final da quarta temporada de The Boys.]

A quarta temporada de The Boys não foi unanimidade com nenhum público. Muitos fãs hardcore da série reclamaram de escolhas criativas e de roteiro, dizendo que ela se vendeu para a “lacração”. Aqueles que apenas assistem pela diversão, gostaram de um episódio, não gostaram de outro, mas foram até o fim. E quem já não vinha satisfeito, largou no meio.

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Foi um ano irregular, de fato. Ainda que acerte muito ao trazer novas personagens como Espoleta (Valorie Curry) e Mana Sábia (Susan Heyward), The Boys ainda erra ao procrastinar no encerramento de arcos como Profundo (Chace Crawford), Noir (Nathan Mitchell), Trem Bala (Jessie T. Usher) ou mesmo Francês (Tomer Capone) e Kimiko (Karen Fukuhara). Ainda que seja divertido ver as maluquices que a série inventa, mesmo naquelas piadas de quinta série que volta e meia surgem, parece que não há mais o que ser contado. As críticas sociais e sobre a indústria do entretenimento são ótimas, mas só elas não sustentam as mais de oito horas que a quarta temporada somou.

E o último episódio do novo ano é um retrato desse túnel sem fim que se tornou a perseguição de Bruto (Karl Urban) e companhia aos heróis da Vought: um eterno gostinho de que no próximo ano (ou episódio) as coisas vão acontecer de fato. O encerramento, com Capitão Pátria (Anthony Starr) chegando ao poder na Casa Branca e encurralando (quase) todos os Boys, pode até nos deixar animados e sedentos pelo próximo ano. Mas alguns minutos depois, quando lembramos que o mesmo aconteceu quando ele matou um inocente na frente de todo mundo, ou quando Victoria Neuman (Claudia Doumit) se revelou uma supe assassina, a sensação foi a mesma, mas o ano seguinte voltou a patinar para encerrar arcos, abrindo novas portas e criando novas, digamos, distrações.

O retorno de Luz-Estrela

O último episódio de The Boys começa do jeito que a série mais brilha: na sátira. O cancelamento do filme de Trem Bala - depois que ele fugiu dos Sete - leva Ashley (Colby Minifie) até a TV para dizer que a empresa ganharia mais se cancelasse a produção. Sim, essa foi para você, Zaslav! A cena segue com um vídeo de “Todas as Vidas Importam” dos heróis da empresa e depois o noticiário de que o congresso está votando a aprovação da chapa de Robert Singer (Jim Beaver), algo não muito natural, mas que devido sua agenda antissuper, se mostra necessária.

A aprovação dá ritmo ao enredo do episódio, já que os Boys precisam criar o vírus para matar os heróis, antes que Victoria seja empossada e decida explodir a cabeça de Singer. Enquanto Francês ainda pena em alcançar a descoberta, Hughie (Jack Quaid) continua sendo enganado pelo shapeshifter que tomou o lugar de Luz-Estrela (Erin Moriarty). Eles inclusive viram noivos (e continuam seus tórridos momentos na cama).

Capitão Pátria e Neuman participam do programa de TV de Espoleta e o herói revela para o país todo que a vice-presidente é uma super-heroína. Isso leva o presidente Singer a ser escondido em um bunker e, junto com ele, a equipe formada por Hughie, Kimiko, Leitinho e a falsa Annie. É no bunker que Hughie finalmente percebe que Luz-Estrela não é ela e tenta avisar aos companheiros. Porém, sem sucesso. O shapeshifter - em uma cena no melhor estilo Noturno, em X-Men 2 - mata os seguranças e vai atrás de Singer. Kimiko tenta detê-lo, mas acaba tendo o pescoço quebrado (mas recuperado pelo fator de cura). Quem salva o dia é a verdadeira Annie, que ao quase arrancar suas mãos fora, consegue escapar da prisão onde estava escondida e luta contra o vilão.

Era tudo plano de Mana Sábia

Os Boys se reúnem novamente no esconderijo e Francês consegue recriar o vírus. Ah, sim. Finalmente, depois de todo o novo arco criado nesta temporada com Francês e Colin (Elliot Knight), ele e Kimiko finalmente têm o grande momento que os fãs esperavam: os dois se beijam depois de se declararem um para o outro.

Em paralelo, Hughie recebe uma ligação de Victoria Neuman. Ela pede ajuda, após Capitão Pátria a ameaçar, caso ela desista do plano deles, já que a tentativa de matar Singer não deu certo. O jovem aceita ajudá-la e a chama para o esconderijo do grupo.

No hospital, Bruto está nas últimas. Ele mal consegue ficar em pé e recebe uma visita de Grace Mallory (Laila Robins). Os dois tem um plano junto e ele se chama Ryan (Cameron Crovetti). Depois de brigar com Capitão Pátria, o jovem vai encontrar Bruto - após uma ligação de Grace - e os dois conversam sobre o futuro. Ryan chama Bruto para brincar com um jogo e tudo vai indo bem, até que ele descobre o plano dos dois: transformá-lo em uma arma tão forte quanto o Capitão Pátria, para usar o garoto contra os Super. Ryan se revolta e descobre que está em um abrigo feito para prendê-lo. Ele pede que Grace saia do caminho, mas ela não o deixa passar. Remetendo ao início da temporada, quando ele empurra com força um dublê, jogando o homem longe, Ryan faz o mesmo, matando Grace e fugindo.

Bruto então se rende de vez para Kessler (Jeffrey Dean Morgan) e deixa que seu lado “ruim” tome conta e dê sequência ao plano de criar um genocídio de heróis. Ele reaparece no esconderijo dos Boys, assim que Neuman e a filha Zoe (Olivia Morandin) chegam por lá. Bruto finalmente mostra seus poderes, adquiridos com o composto V que ele injetou. Tentáculos saem do peito dele e agarram Victoria, partindo o corpo da vice-presidente no meio. Ele rouba o vírus e deixa os companheiros para trás.

A grande questão é que toda essa trama não passava de parte do plano de Mana Sábia. O shapeshifter conseguiu gravar o momento em que Singer fala aos Boys sobre matar Victoria Neuman e a heroína vaza o momento na TV. Logo depois, o corpo de Victoria é encontrado, fazendo com que Singer seja preso. Sábia surge para o Capitão Pátria e revela o plano. Ela diz que ainda não acabou e que o líder dos Sete deve confiar nela para a próxima fase.

Capitão Pátria comanda a nação

Finalmente, sem Singer ou Neuman, o plano de Capitão Pátria e Mana Sábia dá certo e o Senador Calhoun (David Andrews) invoca a emenda que o torna comandante da nação, colocando em prática a ordem de convocar os super-heróis para lutar pelo país, respondendo diretamente ao líder dos Sete.

Na Vought, Profundo, Noir e Espoleta (que sente os efeitos das drogas para produzir leite) começam uma “limpeza”, matando todos os funcionários que possam ter qualquer prova contra eles. O maior deles, claro, é Ashley, que foge com medo e acaba aplicando o Composto V em seu próprio braço. Não vemos o que acontece com ela até o fim do episódio, mas assistimos seu crânio se mexer durante a reação.

Os Boys tentam fugir e tudo parece dar certo, até que cada um deles é atacado por supes diferentes. Kimiko e Francês são surpreendidos por Sam (Asa Germann) e Cate (Maddie Phillips), de Gen V. Ela cochicha algo no ouvido de Francês, fazendo com que ele seja dominado por seu poder e se entregue. Kimiko acaba presa após Sam a derrotar à força.

Vemos Zoe, a filha de Victoria, sendo levada para o Grupo Red River e no aeroporto, Leitinho também é surpreendido por Love Sausage (Derek Johns) e acaba preso. Annie e Hughie são atingidos no carro, mas ela consegue finalmente voltar a usar seus poderes e fugir voando, enquanto seu amado também cai nas garras da milícia de Capitão Pátria.

Quem consegue fugir é Bruto e ele tem a única arma possível contra os heróis: o vírus.

The Boys acaba terminando basicamente como Gen V, com seus heróis aprisionados, mas sem sabermos para onde foram levados. Talvez para alguma das prisões do agora falecido Tek Knight (Derek Wilson), que serão utilizadas como campos de concentração?

Na cena pós-créditos, Capitão Pátria finalmente descobre que seu pai, Soldier Boy (Jensen Ackles), ainda está vivo e congelado. Mas agora, só saberemos na - enfim - última temporada. Que promete! De novo.