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Thelma é uma divertidíssima versão de Missão Impossível com uma vovó

Thelma é uma divertidíssima versão de Missão Impossível com uma vovó

June Squibb parte em busca de justiça depois que sofre um golpe no celular

Guilherme Jacobs
26 de janeiro de 2024 - 5 min leitura
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Thelma, interpretada pela sempre charmosa June Squibb, até consegue lidar bem com o computador e o smartphone. Com a ajuda do neto Daniel (Fred Hechinger), com quem ela passa boa parte de seus dias, a vovó entendeu boa parte do funcionamento de eletrônicos que muitas vezes se mostram desafiadores demais para idosos. Seu conhecimento básico dessas coisas, porém, não a preparou para uma coisa: golpe.

Quando recebe a ligação de alguém se passando pelo garoto, com quem ela tem uma conexão especial, Thelma não pensa duas vezes. Ele está, supostamente, preso, e a fiança é de US$ 10 mil. Ela envia o dinheiro pelo correio e quando percebe o que aconteceu, envergonhada diante de Daniel e dos pais do menino, Gail (Parker Posey) e Alan (Clark Cregg), já é tarde demais.

Ou não.

Na descrição do filme no Festival de Sundance, Thelma é vendido como Missão: Impossível com uma idosa. Dito e feito. Depois de uma sessão de inspiração cortesia de Tom Cruise, Thelma decide que a idade não impedirá a justiça e parte numa inesperada e hilária busca por aquilo que é seu. Ela vai achar o golpista e recuperar seu dinheiro, custe o que custar. O que torna esse filme tão especial, porém, é como ele encontra espaço para falar sobre a vida na terceira idade no processo, aliando cenas divertidas com emoção graciosa. Se você já perdeu algum de seus avós, prepare-se para ter ainda saudade deles.

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Dirigido e escrito por Josh Margolin, Thelma encontra criatividade infinita na hora de desenhar desafios para sua personagem titular. Com 93 anos de idade, Thelma encara coisas que para qualquer outra parcela da população sequer seriam problemas, como escapar da supervisão da filha e do neto para visitar uma amiga, se locomover pela cidade de forma independente e encontrar meios de transportes. Para ela, subir numa cama é o equivalente a saltar de um prédio.

Como um bom e velho Ethan Hunt, ela parte para cima dos obstáculos com toda a coragem e teimosia que só um idoso pode ter. Quem conviveu com essa faixa etária sabe bem sua capacidade de colocar o corpo em risco, não por ter que salvar o mundo, mas muitas vezes por se recusar a reconhecer os anos avançados, e também como é difícil fazê-los mudar de ideia. Thelma encontra nesses elementos grande comédia, assim como um belo drama.

Especialmente quando encontra seu velho amigo Ben (o inesquecível Richard Roundtree, numa ótima atuação póstuma), Thelma vai de encontro à realidade da velhice de maneira íntima e genuína. Escrevendo sem dúvidas com base nas experiências próprias com sua família, Margolin toma muito cuidado para jamais reduzir a personagem a uma piada. Sim, a situação é engraçada, e o filme gera risadas após risadas, mas Thelma é uma pessoa, e ao identificar seus sentimentos, medos e limitações, o diretor garante que jamais esqueceremos disso.

Nunca deixamos de enxergá-la assim; frágil mas verdadeira. Isso torna seus feitos surpreendentemente ainda impressionantes, suas loucuras ainda mais engraçadas, e seus riscos ainda mais palpáveis. O filme nunca eleva o nível da violência ou deixa a abordagem lúdica de lado (quando Thelma arranja uma arma, é impossível não rir), mas o cuidado com a qual a experiência dos idosos é encenada não só melhora a aventura, como também permite que Squibb exercite facetas que vão além da comédia, onde ela é especialista. É uma tridimensionalidade ausente na subtrama sobre Daniel, que está preso na vida. Carismático mas superficial, Hechinger não consegue temperar um personagem que já não é muito interessante para começo de conversa.

Ainda assim, se você já esteve na posição do rapaz, é fácil se identificar com ele. Nossos avós são fonte de constante de riso, preocupação, estresse e carinho, e Thelma é um filme que captura essa dinâmica tanto do ponto de vista do neto quanto de sua avó, e por mais exagerada que seja sua premissa, seu coração está firme numa verdade profundamente humana.

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