No entanto, o diretor José Eduardo Belmonte acreditava que o filme precisava ter um apêndice que elaborasse toda a experiência da repetição. Foi daí que surgiu a verdadeira cena final em que descobrimos que Angela, na verdade, não morreu no acidente. Ela está apenas se recuperando de uma perna quebrada, enquanto o pai a trata como vítima da situação, dando a entender que Eva realmente morreu como culpada.

Foi pelo simbolismo da cena que Raphael Montes, então, aceitou o momento no final do longa. “A ideia dessa cena era resumir que o mal é difícil de matar. É difícil acabar com o mal que está enraizado nessa sociedade idealizada”, explicou.

Para completar o momento, eles decidiram colocar uma bandeira do Brasil pendurada na varanda da casa ao fundo. “Foi uma coisa curiosa. A gente estava filmando em Curitiba em 2022. Então tinha muita bandeira do Brasil na época da campanha. Aí eu falei pro Belmonte que tinha tido uma ideia de usar uma dessas bandeiras pra cena final. E ele contou que teve exatamente a mesma ideia, sem a gente ter conversado sobre isso”, contou Montes sobre a coincidência.

“Eu pensei: 'Gente, essa família teria uma bandeira do Brasil, e revelar só no final faz toda a diferença'”, completou o roteirista. Para o diretor, o objeto ajuda a reforçar a metáfora do filme. “Sai da escala íntima e vai para uma escala estrutural. Achei bom porque é luta eterna, né? Os processos conservadores tendem a se reinventar para poder permanecer”, explicou Belmonte.