Depois de A Maldição da Residência Hill e Missa da Meia Noite, a Netflix investiu mais uma vez nas criações de Mike Flanagan. Chegou ao streaming Clube da Meia Noite. A série traz a história de um grupo de jovens em uma casa de repouso para adolescentes com doenças terminais. A turma faz um pacto: quem morrer primeiro deve mandar um sinal do além para os demais. Uma mansão, jovens e a possibilidade de encontrar espíritos. O que poderia dar errado?

Obviamente, muita coisa pode sair do controle. A nova série de Flanagan vem com a proposta que já conhecemos de seus trabalhos: fugir do lugar comum e apresentar o terror em uma história para ser desvendada aos poucos. Particularmente, esse método do criador das séries me agrada muito, apesar de, nessa versão, o desenrolar ser mais lento. Outra característica marcante do diretor e criador da série, são os famosos Jumpscares: mesmo você estando preparado, o susto acontece.

O Clube da Meia Noite se destacou no meio de vários filmes de terror com adolescentes justamente pelo fato de não ser clichê. Com trama mais profundas e personagens complexos e não estereotipados, a série te instiga a querer saber o que está realmente acontecendo na vidas desses jovens. Mas não se engane se acha que o que te prende é saber se realmente existem fantasmas ou não. Aqui, a curiosidade aguça para tentar desvendar o que realmente aconteceu na mansão na qual estão hospedados.

Ao todo, são apresentados oito pacientes da casa e, mesmo com dez episódios, a evolução e desenvolvimento de cada um desses jovens é muito bem trabalhada por Flanagan. Cada um deles trouxe um conto de terror no Clube, que é retratado visualmente para o telespectador com eles no ponto de vista de seus personagens em algo que pode ser interpretado como metáforas para os sentimentos e confusões internas de cada um.

Já adianto que ao meu ver, cada conto trazia um pouco da perspectiva deles sobre a morte e os medos que a envolvem, já que todos ali iriam morrer em breve. Tal construção da trama traz uma ligação direta com o público, que passa enfim a entender as motivações das ações desses jovens. O criador da série fez de maneira tão genial essa conexão que, muitas vezes, me senti mais triste do que com medo.

Porém, quando se trata do elemento do terror, remetendo aos traços de execução já feitos em A Maldição da Residência Hill, a nova produção te coloca dentro de uma casa sinistra e misteriosa mais uma vez. Sem saber qual resposta eu buscava primeiro, me vi no quarto episódio desejando não precisar pausar tão cedo. A cada história contada pelos personagens, o mistério só se estendia, mas quando o último episódio enfim chegou, a espera valeu a pena.

Meia noite eu te conto…

Por se tratar de uma história de Mike Flanagan, já podemos esperar que o final te deixe refletindo por horas. É um dos poucos casos que a conclusão em aberto me agrada. Ficar teorizando sobre o que acabei de assistir e abrir as redes sociais para ver o que o resto do público interpretou é ainda mais instigante do que ver o desfecho da série.

Ao mesmo tempo em que a conclusão das histórias – tanto os contos quanto os próprios personagens – se concretiza, os mistérios sobre o passado da casa e os antigos moradores são sutilmente revelados. São muitas informações para se absorver e talvez ver uma segunda vez ajude a compreender melhor a série, o que talvez seja um dos pontos negativos no estilo da produção.

O Clube da Meia Noite, no entanto, mais agrada do que desagrada. O desenvolver, os mistérios e personagens são tão interessantes que já aguardo ansiosamente pela próxima obra de Flanagan.