A história do Superman na televisão é tão vasta quanto, ou até maior, do que a do personagem nos cinemas. Desde os anos 50, seriados com atores do personagem têm sido . De George Reeves até Tom Welling, não faltam exemplos do maior herói dos quadrinhos. Mas depois do fim de Smallville em 2011, a Warner Bros. pareceu hesitante em dar novas chances a séries do azulão. Felizmente, isso começou a mudar em 2016 com a entrada de Tyler Hoechlin em Supergirl. Agora, sua própria série, Superman & Lois, retorna para a segunda temporada e continua demonstrando um conhecimento profundo da essência de Clark Kent.

Há anos, o canal CW começou o exercício de criar um universo compartilhado de super-heróis, iniciando com Arrow e Flash uma abordagem mais jovem-adolescente dos personagens da DC Comics. Curiosamente, porém, os principais nomes da DC Comics - Batman e Superman - ficaram ausentes por anos, com o Arqueiro Verde e Flash servindo de pilares. Erros e acertaram marcaram o Arrowverse, como foi apelidado esse mundo, ao longo dos anos. Foi lá que os fãs puderam finalmente ver histórias clássicas como a Crise em Terras Infinitas ganharem versões live-action, e inúmeros personagens e vilões receberam encarnações icônicas. Ao mesmo tempo, a estrutura "caso da semana" e tendências melodramáticas impediam as produções de tirar o melhor proveito de suas narrativas.

Mas Superman & Lois, até aqui, tem escapado da maior parte das armadilhas da CW. Por apresentar Clark já casado com Lois (Bitsie Tulloch) e pai de gêmeos adolescentes - Jonathan e Jordan Kent (Jordan Elsass e Alexander Garfin, respectivamente) - não há muito drama de "será que o casal vai ficar junto?" ou outros aspectos mais teen das produções do Arrowverse. Este Clark já está bem resolvido. Seus poderes estão no ápice e sua maturidade mais desenvolvida. Na história, ele e a família Kent retornam à Smallville depois da morte de Martha Kent, para ajudar uma pequena cidade em crise econômica e com menos esperança. Simultaneamente, Jordan Kent começa a desenvolver poderes.

Ainda há - especialmente através dos gêmeos e suas colegas de escola - as marcas mais adolescentes do canal. Para ser justo, nos EUA, ele é uma marca voltado para o público jovem-adulto, mas nesse contexto, esse aspecto do roteiro é atenuado, preferindo examinar os pais como, bom, pais de garotos de 15 anos. É uma abordagem refrescante para o Superman, normalmente apresentado em sua origem ou nos primeiros anos em Metropolis quando o assunto é séries ou filmes. Aqui, ele está em outra fase.

Por isso, depois de tantos anos com produções de super-heróis, incluindo as envolvendo o Superman de Henry Cavill, tão voltadas para o realismo, a sátira, a desconstrução e a escuridão desses personagens, Superman & Lois se torna tão agradável. Não há pra onde ir. Superman é esperança, otimismo, inocência. O grande problema de seus filmes e séries é quando o potencial narrativo dentro dessas coisas não é visto, ou pior, é menosprezado. As audiências não querem um bonzinho, certo?

Superman & Lois, porém, vê a beleza nisso. A série sabe que o homem determinado a se manter incorruptível no mundo corrupto é um refúgio, um oásis no meio de tanta escuridão. Hoechlin não está na lista de grandes atores a passar pelo papel, mas consegue transmitir a mensagem do roteiro com precisão. Ele serve mais como um espelho, refletindo para nós
os temas centrais à narrativa.

Com a segunda temporada chegando ao HBO Max nesta quinta-feira (20), Superman & Lois promete aumentar os riscos e apresentar, até, o Apocalypse (talvez se preparando para a morte de Clark e a eventual era de Jordan como Superboy?). O principal, porém, será ver o quanto ela consegue escapar das armadilhas nas quais Arrow, Flash e tantas outras caíram, evitando o melodrama mas mantendo-se firme no que seu protagonista representa.

"Você deveria assistir" é a coluna do Chippu sobre séries disponíveis em serviços de streamings com o propósito de destacar produções, velhas e novas, dignas de sua atenção. Pérolas escondidas, dicas alternativas e sugestões que podem estar ofuscadas pelos títulos mais óbvios.